De cada cem empreendedores iniciais na Região Sul, 52 são mulheres – na média do Brasil, esse número é de 49. Os números levantados pela pesquisa Global Entrepreneurship Monitor 2012 (GEM) – realizada pelo Sebrae Nacional em parceria com o Instituto Brasileiro da Qualidade e Produtividade – mostram a força feminina no mundo dos negócios.
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A nova dinâmica das famílias, em que a renda de ambos os cônjuges se faz necessária, e o volume cada vez maior de mães provedoras do lar levaram à curva crescente de mulheres abrindo empresas próprias.
– Temos um histórico de brasileiras que montavam negócios por necessidade, para garantir a sobrevivência. Percebemos agora uma mudança nesse quadro, com mulheres cada vez mais inovadoras – afirma Carla Mello, diretora da LHH/DBM, ao ressaltar que as empreendedoras unem a intuição à razão nos momentos de decisão.
Para equilibrar a maternidade e a gestão da carreira, as profissionais passaram a optar por ter filhos mais tarde. Com a carreira consolidada, se permitem botar em prática a ideia de virarem empresária, analisa Adriana Vianna, gerente da Hays:
– Antes, as mulheres tinham filhos aos 20 anos e se dedicavam exclusivamente a eles. Hoje, elas estão esperando até depois dos 30 anos, quando já estão estáveis profissional e financeiramente. O empreendedorismo ajuda a ter mais flexibilidade de horário e possibilita equilibrar as funções.
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Mas nem tudo é tão fácil na vida de uma dona de empresa. Entre as peculiaridades negativas da mulher empreendedora está o network mais enxuto e a dificuldade em obter financiamentos, destaca Andrea Weichert, sócia da Ernst & Young Terco.
– Como as profissionais precisam se dividir entre o cuidado mais próximo dos filhos e a administração da empresa, sobra pouco tempo para frequentar eventos de negócios e estreitar relações com profissionais da área. Além disso, ela encontra obstáculos para conseguir crédito, porque o perfil cauteloso das mulheres costuma ser confundido com insegurança – analisa Andrea, que é responsável pelo programa Winning Women Brasil, voltado a apoiar mulheres empreendedoras.
Uma nova etapa profissional
Após 18 anos trabalhando em uma multinacional, na qual chegou a ocupar posição de gerência, Regina Pirotelli (foto), 48 anos, decidiu no ano passado que era o momento de tocar o próprio negócio. Dona da Milauto, empresa que instala vidros automotivos, a administradora usou da experiência como executiva para gerenciar o seu empreendimento.
– Quando falei para os meus filhos que essa nova empreitada me deixaria com tempo para cuidar deles mais de perto, os dois disseram que tinham orgulho em me ver trabalhando. Fico feliz em saber que tenho apoio e que sou um exemplo de sucesso para a minha família.
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Elas no comando
– A proporção de empreendedores por oportunidade é maior entre os homens (73,9%) do que nas mulheres (64,5%), cuja maioria empreende por necessidade.
– Mulheres são menos propensas do que homens a deixar o negócio não ser rentável ou por outras oportunidades de trabalho, e mais inclinadas a fazê-lo quando não conseguem financiamento ou por motivos pessoais.
– Uma das explicações para o alto envolvimento de mulheres brasileiras no empreendedorismo pode ser a flexibilidade que um negócio próprio acarreta à mulher. Ter um negócio próprio favorece a conciliação dos horários do trabalho com a educação dos filhos e o gerenciamento do lar. Fora o fato de que elas ainda não conseguem atingir posições mais altas em uma empresa tanto quanto os homens.
– De cada cem empreendimentos iniciais no Brasil, 49 têm comando feminino.
A média, nos 54 países pesquisados, é de 37 empreendedoras para cada cem.
– As regiões Sul e Nordeste concentram maiores proporções de empreendedorismo feminino (51,8%).
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– De cada cem novos empreendedores individuais, 45 são mulheres.
– Ao longo dos últimos anos, a proporção de mulheres chefes de família no Brasil aumentou mais de 10 pontos percentuais. Passou de 22,9%, em 1995, para 35,2%, em 2009. Isso significa que há 21,7 milhões de famílias chefiadas por mulheres.
– 61 mil mulheres lideram franquias no país, com ganhos que são, em média, 32% superiores aos conquistados por homens no mesmo posto.
– Levantamento com 101 empresas de grande porte demonstrou que aquelas que têm três ou mais mulheres em cargos da alta administração apresentaram uma pontuação maior do que empresas sem mulheres no comando em critérios de excelência organizacional, como prestação de contas e inovação.
– Estudo de oito empresas da lista Fortune Cem demonstrou uma relação entre a diversidade nos conselhos de administração e o aumento lucratividade. O retorno médio sobre o patrimônio de empresas com alta diversidade no conselho de administração foi de 25%, comparado a apenas 9% para empresas com um conselho homogêneo.
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– Entre as empresas da lista Fortune 500, aquelas com a maior representatividade de mulheres conselheiras apresentaram um desempenho superior àquelas com a menor representatividade, conforme o aferido pelo retorno sobre o patrimônio, sobre as vendas e o retorno sobre o capital investido (53%, 42% e 66%, respectivamente).