Cerimônia do Oscar celebrou o divórcio nas preferências cinematográficas entre o público comum e o “profissional” – formado por diretores, produtores, atores, técnicos e críticos. A estatueta dourada esnobou os campeões de bilheteria e preferiu valorizar o chamado “cinema independente”.

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OUSADIAS E INJUSTIÇAS

A divisão dos principais prêmios entre Birdman, O Grande Hotel Budapeste e Whiplash – filmes consagrados pela crítica, mas que não alcançaram a marca de US$ 60 milhões de arrecadação nos Estados Unidos – confirmou que a Academia tem preferido nos últimos anos contemplar produções independentes, que ousam ao propor narrativas arrojadas e abordagens inovadoras, do que chancelar blockbusters que apenas repetem fórmulas de sucesso.

No entanto, ao deixar de lado Boyhood – o filme de Richard Linklater levou apenas o troféu de atriz coadjuvante -, o Oscar perdeu uma chance ímpar de consagrar um dos projetos mais inventivos e originais da história do cinema. A produção que acompanha 12 anos do cotidiano de uma família comum ganhou prêmios como os Globos de Ouro de filme e de direção, além de ter sido escolhido o melhor longa do Critics’ Choice Awards, a premiação dos críticos americanos. Boyhood entra na galeria das obras-primas esquecidas do Oscar, que inclui clássicos como Cidadão Kane (1941), que ganhou apenas roteiro original, e 2001 – Uma Odisseia no Espaço (1968), lembrado somente em efeitos especiais.

Na outra ponta, Sniper Americano, representante exemplar do cinemão hollywoodiano de qualidade, merecia mais reconhecimento. O poderoso drama de guerra dirigido por Clint Eastwood e estrelado por Bradley Cooper saiu da festa só com a taça de edição de som.

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Eddie Redmayne

Foto: Kevin Winter/Getty Images/AFP

O ASTROFÍSICO POP

O quarteto premiado por suas atuações fez por merecer suas estatuetas douradas. Apesar de favorecidos pelo pendor da Academia em destacar interpretações que exigem transformações físicas dos atores na pele de pessoas com doenças ou limitações, a dupla que emplacou melhor ator e atriz está acima de qualquer suspeita. Eddie Redmayne, que se emocionou muito com o prêmio, impressiona na pele do célebre físico Stephen Hawking em A Teoria de Tudo – o inglês já tinha emplacado o Globo de Ouro, o Bafta e o prêmio do sindicato dos atores pelo papel. Astro que despontou no filme Sete Dias com Marilyn (2011), Redmayne também está em cartaz por aqui com um desastre cinematográfico: a ficção científica O Destino de Júpiter (2015), dirigida pelos irmãos Wachowski.

Julianne Moore

Foto: Christopher Polk/Getty Images/AFP

PARA SEMPRE JULIANNE

Uma das mais completas e versáteis atrizes do cinema atual, Julianne Moore carrega nas costas Para Sempre Alice, drama sobre uma mulher diagnosticada com uma forma rara e precoce de mal de Alzheimer, cuja estreia no Brasil está prevista para 12 de março. Depois, em abril, a artista americana estará nos cinemas da Capital com Mapas para as Estrelas (2014) – filme de David Cronenberg que rendeu a Julianne o prêmio de melhor atriz no Festival de Cannes. Em novembro, a bela e talentosa estrela volta às telas em Jogos Vorazes: A Esperança – Parte 2.

Patricia Arquette

Foto: Kevin Winter/Getty Images/AFP

12 ANOS DE ATUAÇÃO

Vencedora do único Oscar de Boyhood, o de atriz coadjuvante, Patricia Arquette parece enfim ter reerguido a carreira, que se encaminhava melancolicamente para o esquecimento em séries de TV como Medium depois de ter brilhado em filmes como Ed Wood (1994), de Tim Burton, e Estrada Perdida (1997), de David Lynch. Como todo o elenco do filme de Richard Linklater, Patricia entregou-se ao ambicioso projeto filmado durante 12 anos.

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J.K. Simmons

Foto: Robyn Beck/AFP

O PROFESSOR SARGENTÃO

O ganhador de coadjuvante masculino tem bala na agulha: mesmo que seja mais popular nos EUA por comerciais como garoto-propaganda de uma empresa de seguros e dublando o M&M amarelo, J. K. Simmons é um ator que já provou seu talento em títulos como Juno (2007), arrasando como o implacável professor de música sargentão em Whiplash. Simmons vem aí ainda neste ano na esperada aventura de ficção científica O Exterminador do Futuro: Gênesis.

Saiba quem levou as estatuetas:

Melhor Ator Coadjuvante: J.K. Simmons, por Whiplash

Melhor Figurino: Milena Canonero, por Grande Hotel Budapeste

Melhor Maquiagem e Penteados: Frances Hannon e Mark Coulier, por Grande Hotel Budapeste

Melhor Filme Estrangeiro: Ida, de Pawel Pawlikowski (Polônia)

Melhor Curta: The Phone Call

Melhor Documentário em Curta-metragem: Crisis Hotline: Veterans Press 1

Melhor Mixagem: Whiplash

Melhor Edição de Som: Sniper Americano

Melhor Atriz Coadjuvante: Patricia Arquette, por Boyhood

Melhores Efeitos Visuais: Interestelar

Melhor Curta de Animação: Feast

Melhor Animação: Big Hero 6

Melhor Design de Produção: Grande Hotel Budapeste

Melhor Fotografia: Birdman

Melhor Montagem: Whiplash

Melhor Documentário: CitizenFour

Melhor Canção: Glory, de John Legend e Common

Melhor Trilha Sonora: Grande Hotel Budapeste

Melhor Roteiro Original: Alejandro G. Iñárritu, Nicolás Giacobone, Alexander Dinelaris, Jr. e Armando Bo, por Birdman

Melhor Roteiro Adaptado: Graham Moore, por O Jogo da Imitação

Melhor Direção: Alejandro G. Iñárritu, por Birdman

Melhor Ator: Eddie Redmayne, por A Teoria de Tudo

Melhor Atriz: Julianne Moore, por Para Sempre Alice

Melhor Filme: Birdman

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* Segundo Caderno