Quando Alfonso Rogério e Haroldo Paz, sentados em um banco na Rua XV de Novembro no fim de 2001, jogavam ao vento a ideia de fundar um time de futebol, eles tinham uma esperança: a de ver novamente Blumenau figurar entre os grandes, com estádio lotado em dias ensolarados de verão pelo Campeonato Catarinense. Era um sonho, pintado por esse desejo e que, alguns meses depois, motivava a fundação do Metropolitano. Alfonso, consequentemente, tornava-se o primeiro presidente da história do clube.
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Se nesse domingo o Verdão precisa – e muito – de esperança para se manter onde Alfonso sempre sonhou que estivesse, é justamente no homem baixinho, de fala humilde e sincera que deve se inspirar. Isso porque quando todos duvidavam e questionavam o futebol de Blumenau, ele quis dar o passo à frente – talvez até maior do que as próprias pernas – para fazer a bola rolar.
E é aí, novamente, que surge a palavra de nove letras citada já duas vezes neste texto: esperança. Seja por encontrar apoiadores, patrocinadores, ou até mesmo jogadores que se enquadrassem no perfil financeiro e que estivessem dispostos a representar as cores de Blumenau. É possível, portanto, 15 anos depois traçar um paralelo entre o que viveu a primeira e a atual diretoria, principalmente por conta de um objetivo comum: a elite.
As situações são diferentes, é verdade, mas a (olha ela aí de novo) esperança de estar na primeira divisão que movia Alfonso Rogério uma década e meia atrás é a mesma que move Pedro Nascimento. Fé, palavra tão banalizada no mundo do futebol, usada para todos os tipos de lances e jogadas, partidas ou campeonatos, é justamente o que leva o Metropolitano até Florianópolis neste domingo.
E Alfonso também, é claro. Isso porque entre erros e acertos, escolhas talvez equivocadas e decisões tardias, quis o futebol que, aos trancos e barrancos, o Metropolitano chegasse na última rodada do Estadual com chances de escapar do rebaixamento.
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– Tenho fé e peço a Deus para que deixe 300 mil pessoas felizes em Blumenau. Tenho fé no técnico, acho que ele pode motivar os atletas. Tenho fé que os jogadores tenham garra dentro de campo para que pelo menos façam a parte deles – destaca o religioso Alfonso Rogério, que não faz promessas, mas garante que reunirá a família em uma corrente positiva no domingo.
Emotivo, Alfonso é daqueles que derramam lágrimas com facilidade. Chorou a primeira vez pelo Metropolitano ao ver o Estádio do Sesi completamente lotado em um jogo contra o Criciúma, em 2005, quando nem era mais dirigente. No último dia 9, só de pensar que poderia escapar do rebaixamento, se emocionou de novo, mas desta vez por conta do gol de Trípodi que abriu o placar contra a Chapecoense. E é esse sentimento de paixão pelo clube, por tê-lo visto nascer e crescer, que Alfonso pede raça aos jogadores na partida diante do Figueirense, neste domingo, às 16h.
– Quero que eles me emocionem novamente. Quero que o time escape do rebaixamento e que eles me façam chorar de novo – pede Alfonso, enquanto pincela um ou outro comentário sobre a forma com que o clube tem que atuar para vencer pela primeira vez o Alvinegro no Estádio Orlando Scarpelli.
No fim das contas, ter esperança não custa dinheiro. Entre pensamentos negativos que tomaram conta essa semana, com entendidos já dando como certo o rebaixamento e outros questionando a existência do futebol em Blumenau, é em pessoas como Alfonso que o Metropolitano precisa se inspirar. Torcedores que creem, acreditam, ignoram ares negativos e levam a sério aquilo que está marcado no hino do clube: “vou com ele até o fim”.
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