Considerando-se vítima de perseguição política por ter votado a favor da reforma da Previdência, contrariando a orientação de seu partido, a deputada federal Tabata Amaral (PDT) se defendeu neste domingo (14) em seu espaço quinzenal no jornal Folha de S.Paulo.

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Na quinta-feira (11), o presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, confirmou a abertura de processo disciplinar para apurar a conduta de Tabata e outros deputados.

Em seu artigo, a parlamentar contrapõe uma extrema esquerda que "não admite flexibilidade alguma de posicionamento, pois está enclausurada em suas amarras" a uma centro-esquerda que "quer dialogar com o contexto e a sociedade e caminha para se modernizar".

Para Tabata, muitos partidos não representam mais a sociedade, mas apenas nichos. Citando o fato de oito deputados do PDT e 11 do PSB terem votado de forma oposta à orientação das siglas na reforma da Previdência — praticamente um terço das bancadas, diz ela —, a parlamentar identifica uma presença cada vez maior de políticos "com visão modernizante" nos partidos, que deparam com "estruturas antigas de comando" e "falta de democracia interna".

Para ela, "consensos sobre pautas complexas não são construídos de baixo para cima, e cartilhas antigas se sobrepõem aos estudos e evidências".

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"Quando algum membro decide tomar uma decisão que considere responsável e fiel ao que acredita ser importante para o país, há perseguição política. Ofensas, ataques à honra e outras tentativas de ferir a imagem tomam lugar do diálogo. Exatamente o que vivo agora", escreve.

Defendendo que a boa política não pode ser dogmática, Tabata critica o tratamento do voto de opinião como rebeldia ou insubordinação. Ao reprimir as vozes dissonantes, os partidos estariam virando as costas para "a única tentativa da centro-esquerda de se renovar".

Seriam, então, dois os temas em questão: a lógica de funcionamento dos partidos políticos no presidencialismo e o processo de renovação da política brasileira.

"Enquanto existir o presidencialismo, o multipartidarismo e a federação, as lideranças partidárias precisarão ouvir e negociar com suas bases, dissidentes ou não", conclui a deputada.

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