Que bailarina nunca sonhou ficar bem pertinho e assistir a um espetáculo de Ana Botafogo? Em 1987, na quinta edição do Festival de Dança de Joinville, os jovens dançarinos tiveram esta oportunidade: a primeira-bailarina do Theatro Municipal do Rio de Janeiro veio a Joinville a convite da Academia Studio 1, que naquele ano queria montar um espetáculo inteiro para apresentar na abertura da noite de balé clássico do festival. Ana dançou o segundo ato de “La Bayadère” ao lado do bailarino do Teatro Guaíra Jair Moraes.
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– Eu já tinha ouvido falar do Festival de Dança, claro, ainda que ele não fosse tão grande como hoje, e fiquei muito contente com o convite – lembra a bailarina.
No auge da fama – ela dançava profissionalmente no Brasil há dez anos – por onde passava, Ana era seguida por uma legião de estudantes da dança, mas a admiração dos jovens bailarinos não a fazia se sentir uma estrela.
– Afinal, eu também era uma jovem bailarina! – ri ela.
Entre as lembranças daqueles dias, a principal é a emoção ao fim de “La Bayadère”, quando os aplausos só cessaram depois de 15 minutos.
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– Eu lembro que a apresentação era em um ginásio e ele estava muito, muito cheio. Eu fiquei surpresa com a ovação no final, porque era balé clássico e me surpreendeu aquela garotada curtindo um clássico daquele jeito – conta Ana.
Além disso, uma característica fundamental do Festival de Joinville chamou a atenção:
– Foi a primeira vez que fui vista por pessoas do Brasil inteiro de uma só vez – lembra.
Depois disso, ela viria a Joinville muitas vezes: apresentou “Don Quixote” e “Esmeralda” em outras noites de clássico, além de ter trazido o primeiro grande espetáculo clássico da história do evento, com a apresentação de “Giselle” com o Ballet do Theatro Municipal.
Você sabia?
Começaram as pré-seleções: só quem recebeu nota acima de seis no festival anterior poderia participar da seleção no ano seguinte.Os grupos novos eram avaliados a partir de fitas de vídeo com as coreografias, da mesma forma que é feito até hoje para as companhias de fora.
Neste ano, 113 grupos e 4 mil bailarinos vieram para Joinville. O Ivan Rodrigues ficou muito pequeno para um festival tão grande, e a organização tomou a decisão de dividir os espetáculos. Assim, o Ginásio Abel Schulz também entrou na dança. Quem não conseguia entrar em nenhum dos dois tinha ainda a alternativa de assistir em um telão montado na praça Dario Salles, onde até quatro mil pessoas se reuniam para acompanhar os espetáculos.
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Neste ano, o jornal ” A Notícia” começou a dedicar uma página exclusiva todos os dias para a cobertura do Festival de Dança, que passou a usar o título “o maior festival do País”.