Lá pelo meio do ano, os estrategistas democratas se deram conta de um detalhe que, na terça-feira de eleição, acabaria fazendo muita diferença: apesar de Mitt Romnet ter sido governador de Massachusetts entre 2003 e 2007, o Estado tradicionalmente vota nos democratas. Desta vez, não seria diferente. Então, a cada fim de semana, os voluntários de Barack Obama pegavam seus carros, tomavam a Interstate 93, e, em uma hora, desembarcavam em New Hampshire como um verdadeiro exército eleitoral.
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Os republicanos estavam certos da vitória em New Hampshire: Romney, que tem casa de férias perto de Manchester, iniciou e terminou sua campanha com grandes eventos na arena de esportes da cidade. Com o trabalho de formiguinha dos soldados de Obama, que bateram de porta em porta nas casas de eleitores indecisos, a balança desequilibrou para os democratas. A derrota de New Hampshire abriu na terça-feira a derrocada dos republicanos.
John Walsh, 54 anos, é um desses legionários que ajudaram a reeleger Obama sem nunca terem aparecido na televisão ou nos jornais. Corretor de seguros há 30 anos, ele decidiu, por ideologia, filiar-se ao Partido Democrata em 2005. Ajudou em campanhas locais nas eleições presidenciais de 2008 e legislativas de 2010. Em 2012, a cada final de semana, viajava com a família até New Hampshire para fazer campanha.
– Nada substitui o cara a cara, é muito mais emocional – defende.
Walsh estava cedo ontem no quartel-general democrata em Boston, no 10º andar do número 77 da Summer Street, um elegante prédio no centro. Depois da festa da vitória de Obama, a maioria dos mais de 800 voluntários dormiu até mais tarde. No andar inteiro alugado pelo partido, o clima era de ressaca: cartazes de campanha pelo chão, copos com resto de refrigerante sobre as mesas e adesivos e buttons com os rostos de Obama e do vice Joe Biden sobre cadeiras.
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– Posso levar um como recordação? – pergunto a Emily, a recepcionista.
– Tome, leve todos – oferece ela.
Suvenires eleitorais, que até uma semana atrás eram vendidos a US$ 10, agora são brinde. Emily é outra dos soldados de Obama. Enquanto alguns viajavam a New Hampshire, ela deixava sua casa em Boston nos sábados para telefonar, do escritório, para eleitores. Com uma lista na mão, chamava um a um.
– Deu certo – sorri Emily, orgulhosa, enquanto revê no computador o discurso da vitória do presidente, que ela nunca encontrou.