Soa inadmissível aceitar que a solução seja rezar para baixar a temperatura ou para que os visitantes voltem para seus Estados

Continua depois da publicidade

É elogiável que o governador Raimundo Colombo tenha chamado à Casa d?Agronômica os presidentes da Casan e da Celesc na tarde de ontem. Afinal, em meio à principal semana de turismo do litoral catarinense só o que se ouve são lamúrias de moradores e visitantes tendo de enfrentar uma sufocante e histórica onda de calor sem energia elétrica e sem água. A virada do ano se transformou em um martírio para milhares de famílias, que têm recorrido aos órgãos de comunicação social para pedir ajuda. Com a sensibilidade que lhe é peculiar, o governador entendeu que o problema é maior que as estatais em questão: trata-se da qualidade de vida de quem vive em Santa Catarina, da economia estadual e da imagem hospitaleira do Estado.

Da reunião, pelo que se sabe, foi decidido que será aumentado o número de equipes de plantão para tentar atender às demandas de água e luz no litoral. Uma pena que a nota oficial emitida após o encontro credite apenas a fatores externos o problema:

Continua depois da publicidade

“O calor excessivo, o aumento do consumo de água e quedas de energia resultaram no desabastecimento de parte das residências na Grande Florianópolis, onde se concentra o maior volume de turistas”, diz texto divulgado após a reunião.

Não pode ser só isso. Se de fato forem apenas essas as explicações, pode-se prever, infelizmente, que as carências se repetirão com indesejada frequência. Não pode ficar de fora do diagnóstico uma variável fundamental para administradores públicos: planejamento. Soa inadmissível aceitar que a solução seja rezar para baixar a temperatura ou para que os visitantes voltem para seus Estados.

Conforme entrevista concedida pelo presidente da Casan, Dalírio Beber, publicada às páginas 4 e 5 desta edição, a estatal parece não ter definido ainda se investe o necessário para garantir abastecimento ou se desiste de ser parceira do próprio Estado e da iniciativa privada no projeto de confirmar Santa Catarina como um polo de turismo. A empresa tem os estudos das obras estruturais necessárias, mas não tem certeza se vale a pena o custo para atender o que considera demandas curtas. Pergunte-se a um morador se um dia sem água em casa pode ser definido como uma demanda curta. Pergunte-se a um dono de hotel se um dia sem água é uma demanda curta. O que dizer de dois, três, quatro ou cinco dias sem o líquido, como vem ocorrendo em algumas cidades atendidas pela estatal. E o que esperar, então, das cidades onde o serviço é municipalizado?

O contribuinte precisa de respostas mais efetivas.”