Assim como nas últimas temporadas, os indígenas que vêm a Florianópolis para trabalhar com a venda de artesanato durante o verão estão alojados em barracas improvisadas no Terminal de Integração Saco dos Limões (Tisac), no bairro de mesmo nome. Neste ano, cerca de 70 famílias da etnia Kaingang vieram de toda a região Sul do país.

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A Hora de Santa Catarina tem acompanhado a situação dos indígenas na Capital catarinense nos últimos anos. Nesta terça-feira (15), duas lideranças falaram sobre a Casa de Passagem e mostraram otimismo com a possibilidade de se tornar realidade ainda em 2019.

— Houve um acordo no ano passado e a criação da casa (de passagem) já está aprovada. Parece que estão resolvendo a questão da licitação para construir ainda esse ano — disse Alzemiro Martins, de 43 anos.

De fato, um acordo assinado no dia 30 de outubro de 2018 pela prefeitura de Florianópolis, Advocacia-Geral da União e Ministério Público Federal indicou que a Casa de Passagem para os indígenas deve ser construída pelo município, com recursos próprios, até o dia 1º de julho de 2019. Ela deve ficar em um terreno próximo ao Tisac. As obras ainda não foram iniciadas

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Ainda, o município deverá fornecer iluminação, água e esgoto sem custos para os indígenas ou para a Funai. Depois de construída a Casa de Passagem, os indígenas poderão ocupá-la entre os dias 1º de novembro e 30 de maio.

— Esse espaço é importante para nós, não só pelas condições de alojamento, mas também pela questão econômica, porque viemos aqui para trabalhar e sustentar nossas famílias. O espaço também vai dar mais visibilidade para a questão indígena, já que Florianópolis recebe gente do mundo inteiro — comenta Sandro da Silva, de 36 anos.

Para as lideranças Kaingangs que estão alojadas no Tisac, essa é uma pequena vitória a ser comemorada, especialmente neste momento em que as demarcações de terras e as reservas já estabelecidas têm sido alvos de críticas e, em alguns casos, violência. Para Sandro da Silva, a luta indígena é permanente e independe de quem são os governantes.

— A história (do Brasil) já conta. Sobrevivemos os últimos 500 anos à base de luta e vamos continuar lutando. Sempre foi assim, nunca ganhamos nada de mãos beijadas.

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Vão mudar para tendas e contêineres

Após contato da reportagem, por nota, a diretoria de obras da prefeitura informou que realizaram licitação para locação de tendas e contêineres para alojar os índios enquanto a casa de passagem não é construída. “No momento, estamos em fase de assinatura de contrato. Após as duas empresas assinarem, as ordens de serviço para locação dos itens (contêiners e tendas), é dado prazo de cinco dias úteis para instalação das tendas e cerca de 15 dias para colocação dos contêineres”, diz o texto. No entanto, não informou sobre o início das obras da casa.

Ainda, a nota diz que, nesse tempo em que os índios estão alojados no Tisac, a prefeitura não deixou de atendê-los e que estão em barracas doadas pelo Exército e a Defesa Civil, e que Comcap fez limpeza dos bueiros. Além disso, a Secretaria de Saúde tem promovido vacinação, e dedetizado da área, além de outras ações.

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