A proliferação de candidaturas do baixo clero e a pobreza dos debates na disputa à presidência da Câmara é o resumo da Era pós-Cunha. Deputados da velha guarda não se cansam de dizer que essa é uma das legislaturas menos qualificadas. E têm razão. É neste ambiente de barganhas que o novo presidente substitui o enrolado Eduardo Cunha (PMDB) com um árduo desafio: precisará acalmar os ânimos, reorganizar um plenário onde o poder é pulverizado e conseguir colocar em votação a pauta do governo interino de Temer com medidas nada populares. De preferência, também precisaria moralizar as condutas, mas, infelizmente este é outro capítulo.
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– Na verdade, optamos por quem vai nos achacar menos – reconhecia um deputado do PMDB.
A franqueza pode surpreender, mas em um ambiente pobre de lideranças, os deputados diziam que estavam escolhendo o menos pior. Ao longo do dia, quem pedia votos ouvia de colegas pedidos em troca: um cargo na ouvidoria, um apoio para a candidatura na sua região. Cunha fortaleceu essa prática ao formatar e liderar o chamado Centrão. Tanto a chamada antiga oposição (DEM e PSDB) quanto a nova oposição (PT, PCdoB, PDT) querem enfraquecer o Centrão. Quem um dia esteve abraçado com Cunha quer deixar esse tempo para trás.
Fica na Câmara, porém, a herança maldita da pauta conservadora. Flexibilização da lei do desarmamento, Estatuto de Família e outros absurdos aguardam votação. Se o novo presidente tiver o mínimo de bom senso, engaveta esses projetos e se concentra na pauta econômica.
Aliás, esse é o foco do governo Temer que levou um chacoalhão neste processo de escolha de presidente. Ele viu que não tem controle sobre a bancada do próprio PMDB.
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– A Câmara continua dividida. E a base não é apaixonada pelo governo – resumia um aliado de Temer, defensor do impeachment de Dilma, instantes antes da votação.
O novo presidente terá muito trabalho.
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No jogo
Antes mesmo de começar a votação do primeiro turno à presidência da Câmara, o deputado Esperidião Amin reconhecia que tinha a simpatia de muitos, mas sem garantia de votos. O adesivo da campanha, no peito de muitos colegas, não significava fidelidade nas urnas.
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