A onda dos falsos documentários de terror (na linha Atividade Paranormal), somada às refilmagens desnecessárias (A Hora do Espanto) e à insistência com o tema das possessões (O Ritual), deixou os fãs do gênero mal acostumados. Além de ruins, muitas produções recentes de horror de Hollywood parecem, ou são, propositalmente, toscas. Às vezes, mal filmadas. A Entidade, estreia desta sexta-feira nos cinemas, não é assim.
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Estrelado por Ethan Hawke e dirigido por Scott Derrickson (de O Exorcismo de Emily Rose), o filme é centrado na figura de um célebre autor de livros que investigam e esclarecem crimes escabrosos que a polícia não conseguiu solucionar. Com a mulher e os dois filhos, ele se muda para uma casa numa pequena cidade norte-americana que vivenciou um desses crimes anos atrás. Escondeu da família que foi exatamente naquela casa que quatro pessoas foram enforcadas, aparentemente, por um serial killer.
Aqui você já deve ter se dado conta de que os quatro serão assombrados pelos fantasmas dos assassinatos, e também que o núcleo familiar entrará em crise quando a mulher do protagonista, interpretada por Juliet Rylance, descobrir o passado do lugar em que está morando. Se tem algo que compromete A Entidade é a previsibilidade dos acontecimentos, todos eles, aí incluídas as cenas finais – o que estraga o prazer sádico do espectador que porventura for ao cinema apenas para ser assustado.
Em compensação, há no filme um requinte de composição e encadeamento dos planos que dá às sequências de medo uma riqueza incomum. Não é à toa: quando ficarem esclarecidos os mistérios por trás dos enforcamentos e dos outros crimes com os quais ele está conectado, A Entidade vai se revelar uma interessante reflexão sobre o poder exercido pelas imagens. Em se tratando de um blockbuster de terror, não é pouca coisa.
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