O sorriso no rosto e a fala entusiasmada refletem o tamanho da felicidade de dona Carin Krieger. Ela finalmente conseguiu voltar ao mercado de trabalho, após dois anos desempregada. Com a visão comprometida por causa de uma doença degenerativa e com 60 anos de idade, ser contratada tinha virado um desafio. A ajuda que precisava veio através do Instituto Sonho em Viver, após escrever em um quadro sobre o desejo de ter novamente uma atividade para “se sentir útil”, como ela mesma diz.
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O diagnóstico de “Degeneração macular relacionada à idade” chegou quando Carin tinha 54 anos. À época, ela trabalhava como secretária em um consultório. Apesar de fazer o tratamento, a doença avançou e tornou inviável se manter naquela função. Hoje ela tem apenas 5% da visão de um olho e cerca de 15% no outro. Um desafio, sim. Um empecilho, não. A vontade de viver e a vontade de realizar os sonhos sempre estiveram vivas. Por isso, quando foi questionada sobre o que ela desejava de todo o coração, não teve dúvida: era trabalhar.
O que ela não sabia é aquela não era uma pergunta clichê, para começar uma conversa comum de dia a dia dentro da Associação de Cegos do Vale do Itajaí (Acevali). Ali estavam voluntários de um projeto que tornam real sonhos genuínos, como o de dona Carin. Ela já tinha feito inclusive entrevistas em outras empresas, mas precisava de leitura e apesar dos avanços tecnológicos, como leitores de tela, não a deixavam confortável. O foco era algo manual e assim aconteceu.
Quem ligou a chamando para a entrevista foi Adriana Constante, a criadora do Sonho em Viver. Se passando por recrutadora, ela fez toda a articulação com a empresa para conseguir a vaga.
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— Até vim meio desacreditada, porque todas as outras vezes que me chamavam era para vagas na área administrativa, como já trabalhei. Eu ainda estava com o braço engessado, mas vim. Aí me apresentaram a empresa, a fábrica e deu certo — conta a recém-contratada esbanjando paixão pelo novo emprego, prestes a completar o primeiro mês de retorno ao mercado de trabalho.
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Trabalho na fábrica de luminária
Hoje Carin compartilha de uma mesa com outras três colegas, onde fazem a separação de acessórios das luminárias produzidas na fábrica. A empresa, inclusive, ajustou o horário conforme os ônibus que ela usa para chegar ao trabalho. Assim, a rotina começa cedo, às 3h, quando acorda, faz uma caminhada e toma café. Depois, o trabalho inicia, como tanto desejava.
— Sempre fui muito ativa, participava das atividades na associação, no conselho da pessoa com deficiência, mas faltava alguma coisa. Porque sempre trabalhei, tentava nunca faltar, e isso era minha satisfação, uma razão para levantar de manhã. Estou tendo isso de volta. As pessoas me acolheram aqui — conta a recém-contratada.
Dona Carin só soube que o tão desejado emprego se tratava de uma ação orquestrada pelo Sonho em Viver quando já estava com a carteira assinada. Ela tinha ido a uma feijoada para os integrantes da Associação de Cegos do Vale do Itajaí quando se deparou com uma das pessoas que tinha participado do processo de contratação e achou aquilo estranho. Durante o evento, quando os colegas de associação começaram a ter os pedidos das plaquinhas atendidos, ela percebeu que tinha um anjo da guarda.
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— Quando eu vi a Michelle [responsável pelo processo de seleção de Carin] achei que tinha alguma coisa estranha, mas jamais ia imaginar que tem alguém por trás de uma coisa tão linda, maravilhosa, realizando sonhos, não só meu, mas dos meus amigos da Acevali. Parecia que eu estava em um filme, mas era vida real. Isso mudou muito a minha vida para melhor. Estou me sentindo mais leve, realizada — confessa.
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