O mundo está sob a pandemia do coronavírus. Como esta notícia chegou até vocês?

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"De várias formas. Por pessoas que frequentavam o nosso Carmelo, através de comunicados da Confederação Nacional dos Bispos (CNBB) e da Arquidiocese de Florianópolis e por sacerdotes"

O coronavírus exige que com frequência se lave as mãos com água e sabão e se faça a limpeza dos produtos que chegam da rua. Vocês foram orientadas sobre esses cuidados?

"Seguimos as orientações e cuidados que foram indicados para todos. Da nossa parte fazemos tudo conforme nos ensinaram e confiamos a Deus nossas vidas e de toda humanidade. Vivemos em uma família de oito irmãs e usando máscaras e luvas."

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Outra irmã prepara doces na cozinha. (Foto: Arquivo Pessoal )

O distanciamento social impõe regras duras, como ficar longe dos nossos familiares. A vida em clausura já exige isso, mas a pandemia trouxe alguma mudança?

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"As visitas que recebemos foram suspensas para também acompanhar o decreto do governo estadual, o qual a nossa arquidiocese segue. Neste momento todo o contato com nossas famílias está sendo feito por telefone e e-mail."

A pandemia fez com que os rituais da Semana Santa fossem alterados e os católicos usaram a internet para acompanhar as pregações. Como vocês fizeram?

"Nós também utilizamos os meios de comunicação, mas somente para fins religiosos. Na Semana Santa seguimos as orientações da Arquidiocese. Acompanhamos a Santa Missa do nosso arcebispo Dom Wilson Tadeu e do Papa Francisco."

Como a espiritualidade das carmelitas está sentindo esse momento de tanta angústia?

"Aqui de dentro estamos muito unidas através de nossa vida de oração a todos os doentes e suas famílias, aos profissionais de saúde e a todas as pessoas de boa vontade que trabalham pelo bem comum, assim como pelos que sofrem as consequências desta pandemia."

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É possível acreditar que a partir da pandemia o mundo se tornará mais humanitário?

"Sim, pois muitas vezes a dor une e ensina a sermos mais solidários e perceber a necessidade dos outros. Uma senhora me dizia por telefone: “Irmã, vamos sair da pandemia mais pobres financeiramente e mais ricos em humanidade e em valores”. Acreditamos que possamos ficar mais pobres de dinheiro e mais ricos de valores.

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Uma das imãs varre o gramado no carmelo. (Foto: Arquivo Pessoal )

Aqui do lado de fora tem muita gente tensa, triste, deprimida. Há medo pela saúde e situação econômica. A vida é o grande dom a ser cuidado. Devemos ser gratos e não viver de qualquer jeito. O que traz alegria ao coração é a nossa doação, tudo que fazemos deve estar revestido de amor, isto traz felicidade verdadeira."

Que mensagem as irmãs que vivem em isolamento deixam para nós aqui do lado de fora que temos dificuldades para ficarmos dentro de casa?

"Não tenham medo, façam bem sua parte e confiem em Deus. Conservem a serenidade interior, aproveitem este tempo para estarem unidos em família, valorizando a presença de cada membro, façam uma reflexão sobre sua própria vida: como estou vivendo?

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As escolhas que faço me levam para onde? O que posso fazer para ser uma pessoa melhor? É hora de cada um entrar em sua casa interior e experimentar a paz que Deus concede a cada um, em qualquer situação e lugar."