À frente de uma área estratégica para um país que precisa superar a recessão econômica, o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Armando Monteiro (PTB-PE) confia que o Congresso sepultará o processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff. Nesta cruzada, o pernambucano, senador licenciado, afirma que tem o apoio do partido, o PTB, na prática dividido entre oposição e governistas.
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Em contato direto com empresários, na busca por apoio ao Planalto, Monteiro trabalha em um plano de recuperação para a indústria – que aguarda o desfecho do pedido de impeachment para ser lançado – e aposta as fichas na ampliação das exportações.
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Nesta quarta-feira, ele estará em Porto Alegre para apresentar a empresários gaúchos o Plano Nacional da Cultura Exportadora (PNCE). O evento, marcado para as 15h na Fiergs, busca estimular a participação no comércio exterior. Atualmente, 2,9 mil empresas gaúchas de dedicam à exportação no Estado.
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– O governo não pode ficar parado. É por isso que o ministério está trabalhando, fazendo acordos automotivos, indo ao Rio Grande do Sul para incentivar as exportações.
O vice que se move nas sombras do Planalto
Ele recebeu a equipe da RBS/Brasília em seu gabinete nesta terça-feira. A seguir, os principais trechos da entrevista.
Zero Hora – Como ministro filiado ao PTB, o senhor auxilia o governo na tentativa de barrar o impeachment? Tem falado com a bancada do partido?
Armando Monteiro – Sempre tive posição na área empresarial, sou do PTB, mas não sou ministro da cota política. Tenho dialogado com o meu partido e outros partidos. Temos um quadro em que, mais do que defender um governo, a gente precisa defender a institucionalidade. O Brasil não é um país qualquer em que você depõe presidente por vontade de setores da oposição. O governo tem muitos argumentos para mostrar que não há crime de responsabilidade.
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ZH – A carta do vice Michel Temer para presidente Dilma Rousseff lhe assustou?
Monteiro – O PMDB é um partido que sempre teve essa marca de ser dividido. Independentemente da carta do vice-presidente, por quem tenho respeito, já se percebe a divisão na bancada da Câmara. Há setores expressivos do PMDB que querem ficar na base.
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ZH – Não fica a impressão de que o governo está desmoronando?
Monteiro – De forma alguma, converso com parlamentares e ministros do PMDB. O pior cenário era aquele anterior, em que você vivia essa coisa de que poderia haver a atitude de alguém, cujas motivações não me cabem discutir. Agora está instalado o processo e o Congresso vai decidir em campo aberto.
ZH – A presidente do seu partido, deputada Cristiane Brasil (RJ), deve participar da comissão especial e tem voto a favor do impeachment. Preocupa a postura do PTB?
Monteiro – Seria difícil para o líder (Jovair Arantes-GO) bloquear a pretenção da presidente do partido. São três representantes do partido na comissão, confio que a maioria vai votar com o governo.
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ZH – O senhor tem procurado empresários em busca de apoio ao governo Dilma?
Monteiro – Desde que tomei posse andamos pelo país e meu discurso é o seguinte: o pior custo para o país é a disfuncionalidade do governo. Tenho ouvido posições equilibradas, destaco a do presidente da CNI (Robson Braga), que diz que o governo poderá sair fortalecido. Confio que o Congresso vai respeitar o voto popular, a presidente foi eleita. O governo tem a oportunidade de sair fortalecido, de retomar a iniciativa política.
ZH – Em quanto tempo se resolve a abertura ou não do processo de impeachment?
Monteiro – Se o Congresso funcionar, o mais rápido possível. A sociedade deseja isso, para que se possa discutir uma agenda de país. A disputa política chegou ao paroxismo, ao limite.
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ZH – Como vender o Brasil nesse momento de instabilidade política e econômica?
Monteiro – Quem vem para o Brasil está pensando nas próximas décadas. O câmbio é favorável, os ativos estão mais baratos e as instituições estão funcionando. Em que país você vê investigações independentes como as que vemos recentemente? As instituições funcionam no Brasil.
ZH – O senhor vai a Porto Alegre para o lançamento de um plano que estimula comércio exterior. É o caminho para o país sair da crise?
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Monteiro – O alvo do PNCE é ampliar a base exportadora, que no Brasil ainda é relativamente pequena, só 20 mil empresas exportam no país. O comércio exterior é um canal irrecusável e essa crise demonstra a importância de ter esse canal permanente. Neste momento, como o empresário vai manter o nível de atividade e os empregos? Exportando mais. No Rio Grande do Sul já temos um aumento de 4,5% nas empresas exportadoras (2.954), queremos alcançar 500 com o PNCE, que oferece todo uma capacitação e consultoria.