A grande questão agora reside na negociação entre o Reino Unido e União Europeia, negociação que pode durar anos. A União Europeia tem interesse em abrir o quanto antes as negociações para diminuir a turbulência nos mercados. O Reino Unido tem uma posição ambígua, pois, economicamente, quanto antes o cenário for traçado, melhor para evitar a fuga de empresas e capital.
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Mas, por outro lado, existe um interesse em começar as negociações apenas em 2017, quando ocorrerá, no início do ano, a votação do orçamento da União Europeia, o que certamente é uma informação valiosa de ter ao sentar a uma mesa de negócios.
De imediato, o grande fato reside no anúncio da renúncia do primeiro-ministro David Cameron, que afirmou ficar a cargo do próximo primeiro-ministro a função de convocar o artigo 50 do Tratado de Lisboa. Artigo este que estipula o prazo de dois anos para ambos os lados negociarem os detalhes de suas novas relações comerciais e que, no geral, dificultam a saída de um membro do bloco.
Atualmente, o Parlamento inglês tem maioria favorável à permanência na União Europeia, o que dificulta ainda mais um cenário de ruptura abrupta com o bloco, podendo emergir um novo primeiro-ministro mais favorável ao Brexit, como o ex-prefeito de Londres Boris Johnson.
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Por um lado, a União Europeia não pode conceder todas as demandas do Reino Unido, pois, com uma saída pouco dolorosa, outros países podem se estimular a fazer o mesmo e pedir para serem retirados do bloco. No entanto, as negociações não podem ser extremas, pois é de interesse da União Europeia manter o acesso ao mercado britânico para as empresas do continente.
Assim, a solução natural seria a convergência para um meio-termo, ou seja, não atinge um nível de ruptura extremo, isolando o Reino Unido, e o privando de todos os privilégios comerciais, nem caminhar para outro extremo, onde todas as exigências do Reino Unido são atendidas.
Essa solução de meio-termo, algo parecido com o que a Noruega tem hoje, não fazendo parte da União Europeia, mas da área econômica do bloco, ainda é uma solução difícil de apontar, pois tem como exigências básicas alguns dos principais motivadores do referendo: a exigência de transferência orçamentária e o acesso às fronteiras.
Portanto, o resultado do referendo no Reino Unido traz ainda mais incertezas a um cenário global já delicado.
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