Momento de encarar o futuro Como se não bastasse o ritmo intenso de estudos, o ano do vestibular ainda envolve um outro processo não menos importante: a escolha da profissão. Pode parecer injusto ter que fazer tal escolha ainda tão cedo, mas se isso for encarado de maneira natural, tranquila e segura, nem é tão ruim assim.
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Para dar uma forcinha nessa escolha, o Vestibular começa uma série sobre profissões. A ideia é mostrar um pouco o que faz cada profissional, respondendo dúvidas levantadas pelos próprios estudantes.
A primeira a encarar o desafio foi a aluna do terceirão do Colégio Militar de Florianópolis, Isabelle Monteiro, 17 anos. Ela vai tentar Direito na UFSC – curso que no ano passado teve 23 candidatos disputando uma vaga no período diurno e 19, no noturno.
::AS DÚVIDAS::
Isabelle Monteiro – A faculdade prepara para alguma área específica? Juiz, advogado?
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Eduardo Fernandes Serafim – Depende da faculdade e do teu foco. Eu sei que na UFSC, por exemplo, que é um curso ótimo e com excelentes professores, eles não incentivam tanto a advocacia. Na faculdade que eu fiz, que era particular, já se incentivava mais isso.
Isabelle – Qual é o perfil pra ser advogado?
Serafim – Não existe apenas um perfil. Tem quer ser correto. Se é um advogado empregado ele tem que ser centrado e focado. O advogado precisa ser dinâmico. Se é autônomo e tem o próprio negócio, então tem que ter boa comunicação, ele tem uma carreira pra fazer. Precisa de clientes e então tem que passar credibilidade.
Isabelle – Você já sabia que queria ser advogado?
Serafim – Juiz, delegado são profissões que chamam mais atenção. Na terceira fase eu entrei num estágio no Fórum de Palhoça e no gabinete tive uma visão maior da profissão. Trabalhavam muitos profissionais bons lá. Eu prestava bastante atenção no trabalho dos advogados. Me formei sabendo que queria ser advogado. Advogar é muito bom.
Isabelle – Falam que é mais fácil entrar na faculdade do que seguir até o final.
Serafim – A faculdade não amedronta tanto como uma Engenharia. É difícil alguém levar mais do que seis anos para se formar. A dificuldade é mais no começo, quando tem disciplinas de filosofia, psicologia e ainda não se trabalha com leis e aí o pessoal fica desanimado. Depois entram as matérias específicas e os alunos pegam gosto pela faculdade. É muito bom. Durante o curso também tínhamos visitas. Conhecemos o presídio de Florianópolis, a colônia penal agrícola de Palhoça, fomos ao Tribunal de Justiça e ao Ministério Público.
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Isabelle – Qual o teu conselho para quem vai fazer a faculdade? Falam que tem que ler bastante.
Serafim – Tem que ler bastante, mas em qualquer faculdade vai ter que ler bastante. Aconselho a prestar atenção sempre no que o professor fala. Tem que ser dedicado e estudar. Se tiver um tempinho, dá uma lida no código civil. Não precisa ler tudo de uma vez, que é muito grande mesmo, mas lê um capítulo sempre que tiver um tempo. Não vai doer. E tem que saber que a faculdade não vai te dar tudo. Tem muita coisa que se aprende no mercado de trabalho.
::Por dentro da profissão::
DISCIPLINAS
Cada faculdade vai ter a sua especificidade. Mas de um modo geral são abordados conteúdos de direito civil, penal, constitucional e administrativo. Além destes, também tem sido bastante abordado direito ambiental, direito urbanístico, que auxilia na elaboração de plano diretor, direito tributário, que vem se mostrando muito pujante e direito do consumidor. Além disso, conta com aulas práticas, como prestar atendimento à comunidade.
MERCADO DE TRABALHO
O mercado de trabalho se expandiu bastante, além da advocacia privada que vem dando uma boa resposta aos profissionais, apesar de não ser mais como décadas atrás, há os concursos públicos, que permitem o bacharel ser delegado da Polícia Federal, seguir na magistratura, no Ministério Público Federal e Estadual, além de concursos na Justiça.
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OPÇÕES DE ATUAÇÃO
Pode ser advogado e para isso é necessário ser aprovado no exame da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Seguir na advocacia tem se mostrado como uma opção logo após de formado. É possível atuar em escritórios de advocacia e em consultorias. Mas é possível ser juiz, que não exige o exame da Ordem e seguir ainda em outras atividades como no Ministério Público. Além disso, há a docência no ensino superior, que vem crescendo em várias regiões do país.
DO QUE PRECISA GOSTAR
O estudante de Direito para cursar e depois atuar precisa saber o que o Direito significa. Compreender o Direito como um fenômeno social. Ele existe para regular direitos, do campo civil, penal, defesa dos direitos das pessoas. Precisa ter o gosto pela leitura.
RENDIMENTO INICIAL
Advogados que são empregados têm um piso definido pelo Sindicato de R$ 1,7 mil para quatro horas. Para advogados autônomos a OAB fixa uma tabela com valores que variam de acordo com o serviço prestado. Algumas carreiras públicas pagam como salário inicial uma média de R$ 12 mil.
Fonte: coordenador da faculdade de Direito do Cesusc, Rogério Duarte da Silva
::Conversar é a melhor saída::
Para a diretora pedagógica do colégio Guroo em Florianópolis Lorena Nalasco, um importante passo nesse processo de escolha da profissão é o autoconhecimento. Saber quais são as principais habilidades e os pontos fortes ajuda bastante. Mas se o problema é exatamente não ter a mínima ideia de onde se destaca, que tal conversar com conhecidos sobre isso?
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– Como vivem muito virtualmente, eles têm dificuldade em falar. Mas o jovem precisa falar. Pode fazer isso em grupos de orientação vocacional ou com um profissional – sugere Lorena.
Ela explica que quando participam de grupos os integrantes conseguem tirar talentos e características uns dos outros, porque o comportamento de cada um fica evidenciado.
Caso não seja possível participar desses grupos, nem procurar uma ajuda profissional, Lorena aconselha que o estudante fale com a família e os orientadores educacionais das escolas.
– Eles são ótimos e irão ajudar. Converse também com um professor, que é um bom ponto de partida – indica.
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O importante é não se calar. A diretora pedagógica observa que quando há esse bloqueio alguns alunos acabam se deprimindo, não sabem para onde ir e não percebem onde que são bons, e as principais habilidades que têm.
No grupo que coordena, Lorena diz que é muito comum alguns jovens irem na onda da família. Se tem um pai médico, optam por Medicina, ou se a mãe é advogada querem Direito e acabam fazendo escolhas que não têm relação com a natureza deles. Por isso, em vez de chamar o grupo de orientação vocacional, passou a chamar de projetos pessoais:
– Eles precisam descobrir qual é o projeto pessoal deles e quando descobrem as habilidades que possuem, acaba florescendo o que realmente querem.