A festa de comemoração do último domingo não foi o único momento em que Napoleão Bernardes (PSDB) esteve rodeado de aliados. A reeleição do prefeito no segundo turno com 57,6% dos votos válidos encerra um período eleitoral de dois meses e meio de discussões sobre propostas e projetos para a cidade. Para que eles se tornem realidade, a Câmara de Vereadores é quase um caminho obrigatório, que ganha relevância com definições como a eleição da mesa diretora para a primeira metade da nova legislatura. E no questionado prédio da esquina da Rua XV com a Rua das Palmeiras, os quatro anos devem ser de trânsito livre para Napoleão.

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A ampliação do arco de alianças cria uma situação bastante diferente da vitória de 2012 para o tucano. Quatro anos atrás, quando a coligação reunia apenas PSDB e DEM, os partidos elegeram três dos 15 vereadores. Pouco a pouco, porém, Napoleão conseguiu ampliar a base e governar sem sobressaltos no Legislativo. Este ano, os 12 partidos da coligação garantiram 10 das 15 cadeiras na casa. O assunto foi explorado pelo tucano inclusive na propaganda eleitoral.

Se a maioria plena não garante um voo de cruzeiro por quatro anos, ao menos faz com que governabilidade não seja uma preocupação para o início do novo mandato. Vereador mais votado do PSDB, Sylvio Zimmermann Neto reconhece esta tendência.

– Ter a maioria permite que o prefeito foque no trabalho administrativo, deixando a tarefa política para a Câmara – opina o vereador eleito, que enxerga como um grande desafio da nova Câmara se comunicar melhor e reestabelecer as prerrogativas de legislar e fiscalizar. Em outras palavras, evitar picuinhas e não se limitar a uma espécie de despachante do Executivo.

Se os 10 vereadores eleitos com adesivos de Napoleão no peito vão garantir uma base ampla, ainda que preguem um discurso de autonomia, restará aos outros cinco um papel clássico de oposição, certo? Não necessariamente. Atual vice-prefeito e vereador mais votado do PSD, partido do candidato a prefeito derrotado Jean Kuhlmann, Jovino Cardoso Neto lembra que a legenda deu sustentação ao governo Napoleão no Legislativo e antecipa que não verá problemas em votar a favor do governo em projetos que considerar importante para a cidade. Ele alega que historicamente o papel de fiscalização em Blumenau sempre esteve mais nas mãos do Ministério Público do que da Câmara, algo que ele vê com bons olhos e que na visão dele não deve mudar na próxima legislatura.

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– Não tenho nenhum tipo de projeto de articulação para fazer uma base contra qualquer tipo de governo, até porque nunca tive nenhum problema com o prefeito Napoleão – afirma o pessedista.

O outro vereador eleito pelo PSD, Professor Gilson, afirma que a intenção é ajudar o governo a construir coisas boas, mas ser oposição e crítico no que não considerar positivo. A partir de 2017, seis partidos terão bancadas de um homem só. Nesse grupo, três estiveram coligados com Napoleão, dois com Jean e um com Valmor Schiochet (PT) – o também petista Adriano Pereira. É dele a promessa de tom mais crítico.

– Não sei se haverá oposição além de mim, mas quero fazer uma oposição não pessoal ou partidária, mas aos problemas da cidade, cobrando atenção principalmente aos bairros – promete.

Nos demais casos, porém, os discursos são de querer contribuir com a cidade acima de questões partidárias. Mais um desafio que a nova Câmara de Vereadores precisará mostrar que é capaz de alcançar.

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Projetos dependem de plano de metas

Napoleão define a relação com a Câmara como fruto de um trabalho feito ao longo dos anos, mas diz que os primeiros projetos a serem enviados ao Legislativo ainda dependerão do plano de metas para os próximos anos.

Questionado se pretende se envolver na definição da nova mesa diretora, o prefeito diz que respeita as decisões da Casa, mas não descarta uma composição.

– A eleição da Câmara é algo bastante interno do conjunto de vereadores. Mas pode haver uma construção única para que gente possa ter a consolidação de uma maioria – explica.