O Ministério Público de Três Passos ofereceu, nesta quinta-feira, denúncia contra Leandro Boldrini, Graciele Ugulini, Edelvania Wirganovicz e Evandro Wirganovicz por envolvimento no assassinato de Bernardo Uglione Boldrini, 11 anos, cometido em 4 de abril deste ano. A motivação do crime, segundo a promotora Dinamárcia Maciel de Oliveira, foi financeira:

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– O conjunto da obra não deixa dúvidas para nós. É o convencimento da nossa instituição.

Os três primeiros responderão por homicídio quadruplamente qualificado (motivos torpe e fútil, emprego de veneno e recurso que dificultou a defesa da vítima) e todos por ocultação de cadáver. Leandro Boldrini foi denunciado, ainda, por falsidade ideológica.

– O convencimento do MP é de que Leandro, Edelvania e Graciele mataram Bernardo. Leandro, pai da vítima, é o mentor intelectual. Ele tinha o domínio do fato, a decisão da morte do filho foi dele. A prova existe – afirma Dinamárcia.

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Conforme a promotora, Boldrini e Graciele eram “unidos para tudo e por todo”. A promotora ressalta, também, que a madrasta “não gostava do enteado, assim como Leandro nunca demonstrou amor pelo filho”. Já Edelvania, atraída como cúmplice, “cedeu aos apelos que acenou com as mãos cheias de dinheiro”, de acordo com Dinamárcia.

– Edelvania localizou o ponto para o cometimento (do crime), comprou ferramentas para escavação e cobertura da cova, diligenciou em tudo, inclusive também cavando e cobrindo essa cova. O laudo pericial aponta calosidade recente nas mãos dela. Tudo para receber R$ 6 mil e prestações de um apartamento em Frederico Westphalen – apontou a promotora sobre a assistente social na denúncia.

Dinamárcia deixou claro que Leandro foi o “patrocinador” do assassinato do próprio filho, a quem chamava de “bichinha”, conforme provas obtidas pelo Ministério Público:

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– Ele não só desejou a morte do filho, como autorizou os atos para que dessem efeito. É o patrocinador, a pessoa com a maior inteligência para engendrar álibis, pretextos, o sangue-frio de um cirurgião que precisa ter um alto controle, raciocínio muito aguçado. Por isso, é o mentor do crime. A pessoa que estimulou a esposa dentro do ódio que já sentia por Bernardo. É a pessoa que não apaziguou os ânimos dentro de casa. Há dentro dos autos, que hoje já estão em quase 15 volumes, passagens em que Leandro se refere a Bernardo como “bichinha”.

O Ministério Público está convencido de que Boldrini manipulou a companheira para que ela sujasse as mãos e matasse Bernardo.

– Graciele foi quem, junto com Edelvania, sujou as mãos. Leandro não ia se envolver e deixar um rastro que pudesse chegar até ele. Ele é o cabeça, aproveitou o destempero da esposa e a manipulou para que ela fosse a contratante dos comparsas, a executora. É isso que ela faz e procura Edelvania. Em ocasião anterior, ela procurou Sandra Cavalheiro, propondo terminar com a vida do enteado – salienta a promotora.

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Dinamárcia ressaltou que Sandra Cavalheiro, amiga de Graciele, foi sondada para cometer o assassinato a pedido de Leandro Boldrini:

– Eles (o médico e a madrasta) viam em Bernardo uma continuidade de Odilaine (Uglione, mãe do garoto que teria cometido suicídio em 2010). Eles receavam que o menino fosse dilapidar, ou levar embora, o patrimônio que Leandro e Odilaine tinham amealhado até fevereiro de 2010.

O MP ainda acusou Leandro Boldrini de falsidade ideológica:

– No dia 6 de abril, sabendo que seu plano tinha dado certo e que seu filho estava numa cova vertical coberto por soda cáustica e pedras, Leandro Boldrini vai com a desfaçatez de um criminoso na Delegacia de Polícia de Três Passos e comunica que se filho está desaparecido. Ele faz um Boletim de Ocorrência, que é um documento público, com uma informação que ele sabia ser falsa. Era um engodo para fazer a polícia, o Ministério Público e o Conselho Tutelar procurar o menino pelas ruas.

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Atuação de Evandro Wirganovicz

Preso temporariamente desde o último sábado por suspeitas de participação no homicídio de Bernardo, Evandro Wirganovicz foi denunciado por ocultação de cadáver e pode também ser denunciado por homicídio qualificado. A Polícia Civil trabalha para levantar mais elementos contra ele.

– O veículo de Evandro foi visto no dia 2 de abril, a 50 metros da cova, por mais de uma pessoa. Eles estranharam o fato e pegaram a placa do veículo. Ele diz que não emprestou o carro dele para ninguém. Logo após o desaparecimento de Bernardo, Evandro começa a quitar dívidas no comércio de Frederico Westphalen – relata Dinamárcia.

Em gravação, familiares dizem ter certeza do envolvimento de Leandro:

Confira a denúncia completa

Veja como teria ocorrido o crime