Mais do que um rearranjo de posições societárias, a semana passada marcou a maior movimentação financeira na telefonia brasileira desde a privatização do setor, há 12 anos. E, mesmo bilionária, representa apenas uma fração do investimento de R$ 200 bilhões esperado pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) até 2018. É para enfrentar os novos passos da dança de cadeiras sem perder o fôlego que as companhias buscam melhorar sua posição na pista.

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A virada das teles: veja como estão as operadores no mercado.

– A competição deixa de ser regional e passar a ser nacional, estruturada em torno de três grandes players – avalia Eduardo Tude, presidente da consultoria especializada Teleco, referindo-se a Telefônica, Oi e Claro.

Tude prevê que o desenvolvimento da banda larga no Brasil vai exigir investimento pesado, especialmente na construção de redes de fibra óptica. Providência em discussão há pelo menos 10 anos no país, ainda não está nem perto da conclusão, calcula o especialista:

– Falta quase tudo. Embora se fale há muito tempo, o mundo só se convenceu de que tinha de estruturar grandes redes há dois, três anos, quando a banda larga começou a crescer muito.

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Ex-integrante do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), regulador da concorrência, o gaúcho Arthur Barrionuevo não vê grande efeito competitivo na concentração da Telefônica na Vivo e na entrada da Portugal Telecom na Oi:

– No mercado e para o consumidor, essas operações têm pouco impacto.

Disputa na telefonia fixa é fraca, diz especialista

Enquanto considera razoável a competição na telefonia celular, Barrionuevo critica a baixa concorrência na fixa. Na avaliação dele, é responsabilidade da Anatel, que não fez normas adequadas para compartilhar a infraestrutura de rede:

– É um problema grave do Brasil, onde a rede já tem um dono. O preço fixado pela Anatel para quem quer compartilhar é tão alto que se torna inviável. Há mais de 10 anos a Anatel está devendo essa regra ao mercado.

Para os dois especialistas, uma eventual união entre a TIM, que atua em telefonia celular, e a GVT, que opera na fixa, especulada durante a semana, não tem forte probabilidade.

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– A menos que a crise fique muito forte, a Telecom Itália não pretende se desfazer da TIM e deve buscar um parceiro que não seja operadora. Se fizesse parceria com a Vivendi, poderia estar criando outra Vivo – diz, lembrando da guerra travada entre Telefônica e Portugal Telecom até a semana passada na companhia brasileira.

Barrionuevo vê chances de que as duas companhias se mantenham independentes, como ocorre com a Vodafone, que opera apenas celular em vários países. A GVT, especialmente, tem oportunidade de atuar como operadora móvel virtual – oferecendo serviço de celular sem ter rede própria. Considera, porém, que a presença da Telefônica no controle da dona da TIM gera desconforto. Lembra, em todo caso, que esse arranjo foi autorizado pelo Cade com a condição de que a Telefônica não participasse de decisões envolvendo a TIM Brasil.

– Pode ficar como está ou haver mais restrições, depende de quando o negócio for avaliado – diz Barrionuevo, lembrando que nem a fusão Oi-Brasil Telecom, de janeiro de 2008, foi aprovada na Anatel.

Está no compasso da dança, ainda este ano, o leilão da banda H da terceira geração celular. Devem entrar na pista, com possibilidade de formar novos pares, nomes como a americana Nextel e as japonesas KDD e NTT DoCoMo.

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