No dia em que um banco foi alvo de uma tentativa de assalto na avenida Beira-Mar Norte e uma perseguição entre policiais e bandidos passou por duas das artérias mais importantes de Florianópolis, a reportagem encaminhou alguns questionamentos ao secretário de Estado de Segurança Pública, César Grubba. O titular da pasta cita em suas respostas as operações feitas pela polícia este ano, o compartilhamento de informações entre diferentes entes públicos, os investimentos na área e a necessidade de se conter a criminalidade de forma interdisciplinar e multifacetada. A seguir, a entrevista:
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O que a SSP tem feito para conter o avanço das facções?
A Secretaria de Estado da Segurança Pública (SSP) tem atuado forte para frear esta criminalidade. As polícias locais têm avaliado esses indicadores e agido de forma pontual e direcionada para os vetores que instigam essa incidência. Cito dois: tráfico de drogas e a disputa entre facções criminosas. Temos fechado o foco sobre áreas especialmente críticas, como bairros e localidades onde a incidência é mais acentuada e as ocorrências violentas são mais recorrentes. No campo da polícia ostensiva, temos e reforçado o patrulhamento preventivo e repressivo nessas áreas. Barreiras policiais, blitzes, varreduras e operações especiais estão sendo ampliadas sobre a mancha criminal. No que se refere às ações da Polícia Judiciária, tem sido intensificada a produção de conhecimentos na área da inteligência a fim de bem subsidiar inquéritos policiais e demais investigações em curso com foco no crime organizado e suas derivações. Especificamente sobre o combate às facções criminosas, a Segurança Pública tem atuado com força e determinação. Em abril deste ano, por exemplo, foram cumpridos 115 mandados de prisão na maior operação contra uma facção criminosa de São Paulo que atua em Santa Catarina. As facções também agem a partir do sistema prisional, por isso é fundamental o trabalho de compartilhamento de informações com a Secretaria de Justiça e Cidadania. Essa operação teve como alvo suspeitos que estavam com prisões temporárias decretadas. A maioria já estava presa anteriormente e teve nova prisão diante das suspeitas de articular crimes de dentro de cadeias catarinenses, de Paraná, São Paulo e Mato Grosso do Sul. A Polícia Civil, através da Deic, investigou que os suspeitos articulavam os crimes como tráfico de drogas, compra e venda de armas do Paraguai, realizavam os atentados a unidades policiais, recrutamento de adolescentes para o crime, lavagem de dinheiro, sequestros, roubos a bancos e até assassinatos.
Aparentemente, os criminosos se sentem mais à vontade para agir em qualquer lugar, até mesmo para o acerto de contas. Como a secretaria vai evitar novas situações como as mais recentes, além de mortes em comunidades?
Temos enfrentado a criminalidade com políticas públicas, em conjunto com a sociedade. É inegável que a criminalidade está cada vez mais audaciosa, e isso é inquietante. Tanto é assim que em 2013 tratou-se de implementar o Grupo de Acompanhamento e Monitoramento de Facções Criminosas (Gramfacrim), formado pela Polícia Militar, Polícia Civil, Ministério Público, Poder Judiciário, Secretaria da Justiça e Cidadania, Polícia Federal, Forças Armadas, Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e Polícia Rodoviária Federal. Importante destacar que de 2011 até hoje foram nomeados 9.344 servidores para a Segurança Pública.
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A Capital está com 163 mortes violentas em 2017. Não há um plano específico para conter as mortes? Qual é a estratégia?
Como já dito, as estratégias de contenção da criminalidade e violência continuam e vêm sendo intensificadas sob a mancha criminal, notadamente no que se refere ao comércio ilícito de drogas e as práticas ilícitas por parte de “faccionados”. Cumpre frisar que essa estratégia de contenção da criminalidade violenta é mais do que nunca interdisciplinar e multifacetada, pois permeia temas sensíveis que envolvem espaço urbano, miserabilidade e a tibieza da legislação Penal e Processual Penal. O incremento de efetivo destinado a Operação Veraneio potencializará a ostensividade de policiamento, inibindo crimes em áreas de maior circulação de público. Este mesmo efetivo também estará disponível para pronto emprego em ações específicas nas áreas mais vulneráveis. A SSP investiu este ano cerca de R$ 56.039.985,75 milhões em viaturas e equipamentos e em obras para todas as instituições que integram o sistema de Segurança Pública. Só em tecnologia o investimento foi de R$ 25.289.189,04.