Nesta entrevista, a deputada Angela Albino (PC do B) fala sobre o requerimento que propõe uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) sobre o processo de municipalização de água em prefeituras catarinenses.
Continua depois da publicidade
Diário Catarinense – O que levou ao requerimento para a criação?
Angela Albino – Tenho trabalhado com esse tema há mais tempo. Quando era vereadora, propus um projeto de lei proibindo a privatização da água em Florianópolis. Porque temos que ter uma concepção de Estado, de toda Santa Catarina. Embora algumas prefeituras sejam superavitárias, outras não têm condições de ter saneamento. Vamos pegar aqui na região: Biguaçu não tem condições de fazer o seu saneamento. Mas interessa a Florianópolis que Biguaçu tenha. Se não tivermos em Biguaçu, as condições de balneabilidade de nossas praias continuam ruins, mesmo que tenhamos – o que não é o caso – 100% de saneamento em Florianópolis. E tem outras prefeituras em que isso é muito mais grave. Desde a época em que se iniciaram as municipalizações, a gente identifica problemas.
DC – Só a municipalização em si poderia ser um problema então, ao deixar de ser levar em conta o interesse público estadual?
Continua depois da publicidade
Angela – Essa é uma concepção que tenho, que é uma visão olhando para o Estado de Santa Catarina e não apenas para a nossa cidade. Florianópolis por exemplo é superavitária. Entendo que essas cidades superavitárias precisam ter uma relação de solidariedade com as outras. Nós, por exemplo, não somos autosuficientes em relação à água. Captamos água em Santo Amaro.
DC – Já há um consenso em relação a esse tema?
Angela – Está em construção. Tem alguns deputados que defendem – não obviamente a irregularidade – mas o processo de municipalização e de privatização. E é claro que a questão mesmo da Águas de Palhoça ninguém vai defender. Tanto é que o próprio PSDB desconstituiu o diretório e expulsou o rapaz do partido. Mas ainda não temos todas as assinaturas.
DC – A intenção não era aprovar já hoje a CPI na sessão?
Angela – Hoje não tinha nem (gente suficiente) em plenário. Nem que fosse unanimidade não tinha como. A partir da semana que vem, vamos conversar com mais gente.
Continua depois da publicidade
DC – A população escuta muito falar se em CPIs e em investigações, mas muito pouco em resultados decorrentes dessas investigações. Como fazer com quem essa em particular gere um resultado que a população possa ver?
Angela – É na mesma linha daquela frase sobre a democracia: É o pior sistema de todos, tirando todos os outros. No sentido de que a democracia tem as suas imperfeições, mas é o melhor que temos. Compreendo que a CPI te limites, tem forças que atuam às vezes até dentro de uma CPI, mas é a melhor ferramenta que temos. O pior, me parece, é a Assembleia fazer de conta que não está vendo o que está acontecendo.