Faltando 45 dias para o início do Mundial, o Brasil ainda não apresenta um clima festivo de Copa do Mundo, mas já tem mais certezas do que dúvidas: a competição organizada pela Fifa será, sim, realizada pelos brasileiros e todos temos que nos esforçar para que seja bem-sucedida. Todos é modo de dizer, pois os discordantes têm todo o direito de não fazer nada para ajudar, desde que, logicamente, também não façam nada para atrapalhar. O que se espera, agora que o evento se tornou inevitável e assumiu a dimensão de compromisso do país, é que apoiadores e opositores ajam civilizadamente, exercitando a pleno seus direitos democráticos.
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Ainda que a Fifa não seja a Miss Simpatia, que as obras tenham atrasado e que os gastos tenham ultrapassado as previsões, já é certo que teremos estádios modernos e bonitos para os jogos e algumas melhorias importantes nas cidades escolhidas para sediá-los. O mais importante, porém, é que o Brasil cumpra o compromisso assumido perante a comunidade internacional e ofereça tanto aos visitantes quanto aos locais condições dignas de segurança e comodidade. Não conta a nosso favor o atraso nas obras e algumas decisões deixadas para a última hora, quando já sabíamos que a Copa seria aqui há sete anos.
Basta um olhar retrospectivo para se perceber erros imperdoáveis no planejamento e na execução do trabalho preparatório. Mas agora que estamos na reta final, faltando pouco mais de um mês para o jogo de abertura, não adianta ficar lamentando as falhas. O melhor é concentrar a energia no que falta fazer. Depois, sim, caberá fazer um balanço geral, especialmente dos gastos públicos, que ultrapassaram em muito todos os orçamentos iniciais.
Terminado o Mundial, o Brasil fica na obrigação de realizar internamente uma outra Copa -a Copa do acerto de contas com os contribuintes. Agora, porém, é fundamental que governantes, homens públicos, lideranças esportivas e cidadãos caminhem no mesmo sentido, até mesmo para administrar democraticamente as manifestações de grupos inconformados. Se a Copa das Confederações foi um sucesso, mesmo tendo sido realizada no momento mais agudo dos protestos, pode-se esperar o mesmo da Copa do Mundo. Obviamente, as ameaças não devem ser subestimadas.
Ninguém ignora que grupos organizados, corporações profissionais e organizações políticas já estão se articulando para aproveitar o momento de grande visibilidade do Mundial e promover atos públicos. É do jogo. Desde que a ordem pública seja mantida.
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