Era noite de 30 de março de 1958 e Manuel Francisco dos Santos, o Garrincha, Nilton Santos e Valdir Pereira, o Didi, estavam à espera de algo muito importante no Centro de Brusque. Pelo rádio, os três jogadores do Botafogo aguardavam a divulgação da lista dos convocados do técnico Vicente Feola para a Copa do Mundo da Suécia, que começaria em pouco mais de dois meses. Há algumas horas os craques haviam defendido o Botafogo Futebol e Regatas na partida contra o Clube Atlético Carlos Renaux, time local. O amistoso terminou com um placar quase inacreditável. Empate em 5 a 5.

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Na versão do ex-goleiro do Vasco e cronista brusquense Valdir Appel, 68 anos, foram jornalistas cariocas acompanhando o Botafogo ao interior catarinense que avisaram da convocação do trio interessado:

_ Os repórteres acompanhavam o Botafogo. Sabiam que no domingo em tal hora sairia a lista oficial, então todos se reuniram em volta do rádio para ouvir. Não havia muita surpresa em relação aos convocados, apesar de o time carioca ter um elenco maravilhoso, que poderia ter mais convocados.

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Diante do Hotel Gracher, na principal avenida da cidade, a população se aglomerava para tentar ver algum astro do clube da estrela solitária. O alvoroço na Brusque dividida entre a roça e as indústrias têxteis do final dos anos 1950 havia começado na noite anterior, um sábado, com a chegada da equipe comandada por João Saldanha para enfrentar o Carlos Renaux.

Esposa do filho do proprietário do hotel, Nayr Gracher, 86 anos, recorda que o povaréu aguardando diante do estabelecimento era tamanho que Garrincha evitava ficar pelo saguão. Na memória de Nayr, o lateral Nilton Santos foi mais simpático:

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_ Ele andava pelos corredores, circulava pela cozinha, cumprimentava as pessoas.

Após a convocação, parte da equipe botafoguense se reuniu num jantar na chácara Fala-Fala, do então prefeito Cyro Gevaerd. Nilton, conhecido como Enciclopédia do Futebol e morto ano passado, ficou tão impressionado com a recepção que prometeu: Brusque seria a primeira cidade que visitaria se voltasse da Suécia como campeão do mundo.

Erico Zendron, 86, fotografou o jogo e a volta de Nilton depois da taça que iniciou a contagem de copas para o Brasil.

_ Ele desembarcou no Rio de Janeiro, pegou a mulher e veio para cá. Fizeram outro churrasco lá na Fala-Fala _ recorda Zendron.

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