Torcedores do Criciúma relembram título da Copa do Brasil há 25 anos
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O colecionador
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Colecionador de camisas do Criciúma, Pedro Paulo Canela tem 349 modelos diferentes.
– São mais de 500 contando repetidas, uma paixão que não acaba. Antigamente, eu viajava muito pelo Brasil e logo depois do título da Copa do Brasil todo mundo pedia uma camisa do Criciúma. Ainda bem que na época as camisas de futebol eram mais baratas – recorda.
Essa paixão não fica só no armário. Canela é um dos pouco mais de cinco mil torcedores que estiveram nos dois jogos decisivos da Copa do Brasil de 1991. No Olímpico, ele lembra da felicidade pelo gol de Vilmar e da apreensão com o empate do Grêmio, com gol marcado por Maurício.
– Óbvio que aquele gol não deixou a gente tranquilo, até porque o Grêmio era um time grande. Mas, mesmo assim, saímos do estádio satisfeitos porque dentro do Heriberto Hülse a gente sabia que era difícil vencerem a gente – lembra.
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Para muitos, Vilmar foi um herói improvável na história do Criciúma, mas para Canela o zagueiro era símbolo de dedicação em campo.
– Ele, fora de campo, era muito festeiro, mas no gramado ele se dedicava demais e honrava a camisa demais. É um jogador que merecia esse gol – analisa o torcedor.
Sentado na arquibancada do Heriberto Hülse, Pedro Paulo Canela coloca a camisa que o clube usou na Libertadores de 1992, torneio que o Tigre disputou apenas por ser campeão da Copa do Brasil no ano anterior.
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– Nessa camisa, a grande diferença é que acrescentaram a estrela do título nacional. Essa é uma daquelas que não tem preço, que não tem como trocar por nenhuma outra – diz orgulhoso.
Agora Canela espera rever seu Tigre na elite.
– O Roberto Cavalo está comando o time. Ele sabe o que significa o time para a cidade.
O fanático
João Carlos Dal Pont chegou ao Estádio Heriberto Hülse com uma camisa nas mãos. Orgulhoso, ele mostra ela e diz:
– Era do Mahicon Librelato, autografada por ele, uma raridade – conta, recordando o ídolo que faleceu em novembro de 2002, em Florianópolis, em um acidente de carro na Avenida Beira-Mar.
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João é um daqueles torcedores capazes de tudo pelo Criciúma. Em 1991, ele esteve nos dois jogos das finais da Copa do Brasil e celebrou como poucos essa conquista.
– Eu não me lembro onde consegui um alicate, mas nos minutos finais da partida comecei a cortar o alambrado. Na época não existia esse fosso que separa a arquibancada do campo. Cortei uma entrada por baixo e, quando teve o apito do árbitro, invadi o campo para comemorar – recorda.
No braço direito ele carrega uma tatuagem de um tigre, mascote do Criciúma. Paixão marcada na pele.
– Eu queria fazer outra, mas a minha esposa não achou legal. Mas, para mim, não tem idade para mostrar a minha paixão.
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De tão louco pelo Tigre, João Carlos e alguns amigos acabaram pegando a taça da Copa do Brasil para dar uma volta pela cidade.
– Nós vimos a taça parada ali em uma mesa, não pensamos duas vezes em pegar ela para uma viagem pela cidade. Ela conheceu todos os bares de Criciúma. Passou com a gente pela avenida Centenário (a principal da cidade) até que ouvimos no rádio: ¿Por favor, quem pegou a taça devolva. Estão procurando¿. No outro dia, eu trouxe ela – conta, com um sorriso de orelha a orelha.
Para João aquele time foi um dos melhores da história do clube:
– Inesquecível.
A sócia de coração
O Criciúma ocupa parte importante da vida de Glória Dal Pont. Aos 45 anos, ela esbraveja para quem quiser ouvir:
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– Sou sócia de coração, não de situação. O clube pode estar na Série B ou C, não importa – garante ela, sentada na arquibancada do Estádio Heriberto Hülse.
Uma das principais memórias daquela conquista da Copa do Brasil pelo Tigre é a comemoração depois da partida, algo que ela não consegue esquecer.
– Nossa vizinha tinha um caminhão e todos subiram nele e saíram para a festa pela cidade. Todo mundo na caçamba festejando. Criciúma parou. Antes mesmo de começar o jogo. A partida foi em um domingo à tarde, mas no sábado a cidade já estava parada. Ninguém falava de outro assunto e não tinha como ser diferente – recorda Glória Dal Pont.
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O Criciúma tinha empatado por 1 a 1 no Olímpico, assim, em casa, o time precisa só de um empate sem gols, o que conseguiu, mas antes disso deixou a torcida apreensiva.
– Quando o Gelson foi expulso (quase no fim da partida) já ficamos com o coração apertado. Os minutos finais pareciam que não passavam. Mas o nosso time era muito bom e não perdia em casa. O Alexandre (goleiro do Tigre) trabalhou muito bem e a nossa defesa segurou. Quando o árbitro apitou o fim do jogo, explodimos de felicidade. A festa demorou para acabar – lembra a torcedora.
Hoje, mesmo com o time na Série B, Glória continua no estádio, apoiando a equipe.
– Não se pode abandonar o time porque ele foi rebaixado.
O antigo tricolor
Modesto Dal Pont é Criciúma antes mesmo do clube existir. Ele era sócio patrimonial do Comerciário, clube que deu origem ao Tigre. Uma paixão que ele passou para os filhos e contagiou toda a família. Hoje, com 84 anos, ele não vai mais as partidas no Heriberto Hülse por causaàde problemas de visão, mas não deixa de acompanhar seu time de coração.
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– Vejo tudo pela televisão. Eu gostava mesmo era de vir aqui no estádio, mas agora não consigo mais – explica.
Orgulhoso, ele lembra das dificuldades que viu seu time passar.
– Aquela vitória (da Copa do Brasil) foi um prêmio para um time muito bom. Eles já tinham sido campeões do Catarinense três vezes – recorda.
Ele estava no jogo com o Grêmio que deu o título nacional ao Tigre, junto com toda a família.
– Vinha todo mundo, sempre moramos muito perto daqui (estádio) e fazia questão de todos nos jogos. Me recordo que os minutos finais foram bem sofridos. Uma agonia, porque, se saísse um gol, eles (o Grêmio) ficariam com o título.
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Até hoje seu Modesto guarda em casa o título de sócio patrimonial do Comerciário, um orgulho de fazer parte da história do futebol da cidade.
– O Criciúma Esporte Clube conseguiu unir a cidade. Antes, tinham outros times (além do Comerciário, tinha o Metropol e o Atlético Operário) e o Tigre uniu as torcidas – garante o simpático senhor.