Donizete Bonifácio é uma figura conhecida do meio musical catarinense. Afinador oficial dos pianos da Sociedade Cultura Artística (Scar) de Jaraguá do Sul, ele frequenta o Centro Cultural pelo menos três vezes por ano. Uma delas, sempre durante o Festival de Música de Santa Catarina (Femusc). Proprietário da Bonifácio Pianos, de Curitiba, Donizete trabalha no ramo desde 1986 e pode em breve expandir o nome da marca e acrescentar a harpa em sua lista de instrumentos.
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Na 10ª edição do Femusc, Donizete faz parte de um grupo de aprendizes do festival. Desde o último domingo, ele é um dos alunos do americano Erich Rase, 66, que faz a regulagem das 17 harpas da Scar e repassa seus conhecimentos para os técnicos brasileiros. O profissional viaja o mundo para fazer esse trabalho, visitando países da América Central, da Ásia e da Europa.
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Pela primeira vez no Brasil, Erich é um dos entusiastas do festival, tanto que recebeu apenas uma ajuda de custo para a viagem.
– Quero ajudar este projeto, que é lindo e muito importante. E eu amo isto aqui. Trabalho há 37 anos com as harpas – sorri Erich, que afina os instrumentos da Broadway, em Nova York.
O contato que o trouxe para o festival foi intermediado pela também americana Rita Costanzi, harpista e professora que dá aulas no Femusc e conta com o trabalho de Erich para a regulagem de suas harpas. Na avaliação do diretor artístico do Femusc, Alex Klein, contar com a presença de Erich é uma oportunidade múltipla.
– Ele vem e faz uma transferência de conhecimentos. A Scar ganha dois profissionais treinados. Eles mesmos ganham um novo mercado de trabalho e as harpas ficam prontas para o festival. É emocionante quando uma pessoa nos dá uma generosidade dessas – analisa Klein.
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O objetivo é que, após a visita de Erich, a família Bonifácio assuma o trabalho. Além de Donizete, seu filho Wellington, de 23 anos, também afina pianos e está em Jaraguá do Sul para aprender com Erich. Conforme Donizete, há semelhanças no mecanismo de harpas e pianos que exigem cuidados milimétricos. Nesse sentido, atuar com os novos instrumentos é um desafio recebido com alegria, especialmente quando o trabalho é voltado para o Femusc, um festival que ele acompanha desde a primeira edição.
– Sempre apreciei a harpa paraguaia. Meu pai costumava ouvir essas músicas em uma rádio argentina. Quando as harpas chegaram à Scar, comecei a ter contatos com elas. E agora vou aprender de fato no Femusc, que tem uma alma diferente e muito gostosa – diz Donizete.
Maior número de harpas
Além de Donizete e Wellington, o professor de harpas da Scar, Gustavo Jiménez, e o aluno Gabriel Vieira aproveitam a oportunidade para aprimorar os conhecimentos técnicos sobre as harpas.
Para Gustavo, que mudou-se do Rio de Janeiro para Jaraguá do Sul só para assumir as aulas de harpa da Scar, estar à frente deste trabalho é uma honra.
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– É uma mudança drástica, mas é um privilégio estar à frente de um projeto deste. Tenho uma oportunidade única de difundir a harpa. Aqui, toda a estrutura está montada. Para quem quer aprender a tocar, este é o local certo – afirma.
Com 17 harpas, a Scar é a escola brasileira com maior número de exemplares do instrumento. Atualmente, são oito alunos inscritos para o curso de harpa da Scar. Outras 12 vagas estão em aberto e a expectativa é lotar as turmas para o começo do ano letivo.
O grande número de instrumentos, que possibilita aos alunos aprimorar conhecimentos sem precisar comprar a harpa (cujo valor médio é de R$ 70 mil), é um dos grandes destaques do trabalho.
– O acervo daqui é muito bom. Os instrumentos são profissionais, de orquestra. Todos devem se orgulhar, e muito, do que há aqui – complementa Erich.
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Equipe de apoio cuida dos detalhes
Enquanto os profissionais afinam ou fazem a manutenção dos instrumentos que serão utilizados em aulas e concertos, uma equipe utiliza os cinco dias que faltam para o início do festival para deixar tudo pronto. São cerca de 30 pessoas em diversas áreas, desde a equipe responsável pela organização dos dormitórios que abrigam os alunos até a do acervo de partituras, que organiza todas as peças que serão executadas ao longo dos 14 dias de evento.
O refeitório, no espaço panorâmico da Scar, já ganha os preparativos finais. Cada sala é preparada com os equipamentos e instrumentos necessários para que tudo ocorra bem. O objetivo é que alunos e professores não precisem se preocupar com nada além da música em si.
O quê: 10º Festival de Música de Santa Catarina (Femusc).
Quando: de 18 a 31 de janeiro.
Onde: Centro Cultural da Scar.
Horários: as principais apresentações diárias começam às 20h30, no Grande Teatro da Scar.
Entrada: os ingressos gratuitos são disponibilizados na Scar dois dias antes de cada espetáculo e de acordo com a disponibilidade
Informações: 3373-8652 ou www.femusc.com.br