A cidade é o lugar onde moramos, trabalhamos e vivemos! O lugar onde fazemos nossas trocas existenciais, sejam alimentares, de trabalho, de moradia, culturais ou de lazer. Mais de 84% da população brasileira vive nas áreas urbanas, segundo dados do IBGE de 2010.
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Além dos problemas “naturais” gerados por esse grande aglomerado populacional e todas as demandas insurgentes, algumas cidades se apresentam ainda como excludentes, sectárias, não convidativas, inacessíveis e desumanizadas.
No litoral, essas características são potencializadas pela sazonalidade da ocupação. O exemplo típico é a infinidade de imóveis fechados em vários balneários, sem moradores, durante boa parte do ano, gerando a criação de vazios urbanos, aptos aos mais variados problemas/conflitos sociais, ou a constituição de cidades/bairros dormitórios, causados em razão do alto custo da terra/imóvel, criando periferias, afastando as pessoas de seus locais de trabalho, inibindo o convívio social em locais públicos, ou diminuindo o tempo para educação de nossos filhos, tempo este perdido no deslocamento entre o trabalho e a residência.
Se compararmos dados estatísticos perceberemos que a maior parte dos problemas, como limpeza urbana, criminalidade e ocupações desordenadas, ocorre nos momentos em que menos pessoas estão vivendo a cidade, o bairro ou sua rua.
O fato é que o planejamento social e urbano tem que levar em conta formas de constituir ambientes favoráveis ao convívio social, que respeitem o sentido das pessoas, a escala humana, que vão de simples calçadas acessíveis, ciclovias, praças iluminadas, imóveis residenciais e comerciais, integrados com a rua, passando a atividades mais complexas, como espetáculos culturais comunitários, equipamentos de lazer e esportivos públicos, entrando inclusive na gestão democrática da cidade cumulada com mecanismos de combate a especulação imobiliária que se compatibilizem com a oferta de imóveis de primeira moradia adequados a vida/renda de todas as pessoas.
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Outro fator importante para a redução dos custos sociais é o adensamento populacional, principalmente quando se integra ao convívio das pessoas respeitando as escalas humanas. Neste processo, a conjugação de atividades econômicas à produção de conhecimento também constrói a redução de custos, contribuindo com o ordenamento de arranjos produtivos locais que potencializam os atores produtivos.
Esses são dilemas e oportunidades para termos cidades desfrutadas por todos. As cidades excludentes nos empurram para lugares fechados na busca de segurança, para ambientes individualizados na busca de conforto, para um isolamento social, que inibe a participação. A cidade de todos nos convida para as ruas, para caminhar, para praticar atividades esportivas, multiplicando os pequenos comércios, favorecendo a ampliação das relações sociais, gerando solidariedade e segurança, provocando a participação, para que todos venham construir uma cidade melhor.