Com 82 anos, padre Beno Brot é um homem forte e animado. Nascido em Santo Cristo, pequena cidade gaúcha do noroeste do Rio Grande do Sul, é um dos dois jesuítas de Nova Trento, uma das primeiras a receber estes padres no Estado (em 1879, quatro anos depois da chegada dos imigrantes italianos vindos de Trento, na Itália para colonizar o munícipio).

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Como todos os jesuítas, padre Beno não tem residência fixa. Eles são quase nômades, não costumam ficar por mais de dez anos em uma mesma cidade. Recebem uma missão e deixam tudo para trás ingressando em uma região até então desconhecida. Além de Nova Trento, ele já passou por Itapiranga, São Leopoldo, Belo Horizonte, Porto Alegre, Bélgica e Jerusalém. Em Florianópolis, foi professor do Colégio Catarinense e um de seus alunos era o ex-governador do Estado, Espiridião Amin.

Saiu de casa aos 12 anos para frequentar a escola e aos 18 começou seus estudos para se tornar um jesuíta. Foram quase 20 anos em seminários e leituras e mais leituras sobre filosofia e teologia. Quando todo este esforço termina e ele ganha o “título”, vem as renúncias. Segundo padre Beno, uma delas é dizer não a qualquer cargo de supremacia, a não ser que seja o desejo do Papa, por isso, a surpresa ao receber a notícia de que o novo pontífice é um jesuíta.

– Não podemos ter nenhuma ambição de carreira e entre as obrigações estão obedecer ao nosso superior, ter uma vida de pobreza, como por exemplo, não ter nenhum bem em nosso nome – explica padre Beno.

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Mas a vida de pobreza não significa miséria, mas sim, simplicidade. Eles dividem a mesma casa com outros padres jesuítas, sempre com cômodos bem modestos, se alimentam normalmente, sem restrições, afinal, a missão é ser um homem do povo.

– Em Nova Trento somos os responsáveis pelos batizados, casamentos, eucaristias e demais celebrações religiosas. Temos missa todos os dias, visitamos as casas dos moradores, verificamos suas necessidades, vamos aos hospitais. Acredito que a escolha para Papa foi excelente, ele é um homem cheio de Deus e humilde, tudo o que precisamos – conta.