O Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público Estadual de SC (Sintespe) rebateu as declarações do secretário-adjunto da Justiça e Cidadania, Sady Beck Júnior, de que a tensão nos presídios acontece em razão do movimento grevista.
Continua depois da publicidade
Wolney Chucre, secretário de Comunicação do Sintespe, diz que os agentes ainda esperam uma proposta do governo do Estado sobre um novo plano de cargos e salários, a principal reivindicação da categoria. Confira abaixo os principais trechos da entrevista dada na tarde de terça na sede do Sintespe, em Florianópolis:
Diário Catarinense – O que é preciso negociar com o governo para encerrar a greve?
Wolney Chucre – Poder apresentar uma proposta. O governo não apresentou nenhuma proposta até agora. Essa é a parte mentirosa de quem diz em entrevista que o governo está disposto a negociar. Como tu negocia sem apresentar proposta? A categoria está disposta a ir até o final.
Continua depois da publicidade
DC – Quais são os pontos básicos que o sindicato reivindica?
Wolney – Com relação à Secretaria da Justiça da Cidadania temos um acordo de greve o ano passado que não foi cumprido.
DC – Mas os valores acordados estão sendo pagos…
Wolney – Não teve alteração em vencimentos. O que houve foi aumento na gratificação, parcelado, de 30% para 100%. Isso não é ponto da greve. O xis da questão é o nosso plano de cargos e salários, um novo plano com novos vencimentos. Só para ter ideia, para alcançar a última letra precisa trabalhar 46 anos e a nossa aposentadoria é com 30.
DC – Vocês fizeram um cálculo sobre quanto o plano impacta na questão financeira?
Wolney – Não fizemos esse cálculo porque exatamente o governo não nos apresenta os números.
DC – E quais são os outros pontos principais?
Wolney – É fundamentalmente o cumprimento do acordo, uma proposta financeira que a gente possa levar para a aposentadoria. Quando a gente se aposenta perde em torno de 40% da nossa renda.
Continua depois da publicidade
DC – O Tribunal de Justiça declarou a greve como sendo ilegal…
Wolney – Estamos recorrendo à instância que declarou a greve ilegal.
DC – O secretário Sady (da Justiça e Cidadania) diz que o sindicato está insuflando a greve num movimento político…
Wolney – Vocês da imprensa podem vir a todas as assembleias. Em nenhum momento fizemos discussão de política partidária. Óbvio que o nosso movimento é político porque ele é contra o governo do Estado. Nesse sentido sim.
DC – E o clima de tensão nas cadeias?
Wolney – Com relação a isso o governo não se preocupa em resolver. Ele deveria fazer uma contraproposta para por fim à greve. Nenhuma é nenhuma.
Continua depois da publicidade
DC – Mas o sindicato procurou o governo?
Wolney – Fomos três vezes com o negociador que é o Décio da Coner, que fala em nome do governo.
DC – E a segurança das cadeias como fica com a greve?
Wolney – Está completamente mantida. No cadeião (Central de Triagem do Estreito) se não houvesse o movimento grevista que impediu a rebelião, aquilo ali poderia ter virado sim o caos que ele (secretário Sady) está declarando que poderia ter causado. Vamos continuar sendo extremamente responsável com a população.
DC – Vocês vão continuar sem receber novos presos?
Wolney – Não tem condições. No Presídio Regional de Blumenau tem 920 presos para cinco plantonistas. Cinco custodiando. É talvez a situação mais grave que temos e isso já aconteceu em São Pedro de Alcântara.
Continua depois da publicidade
DC – O governo fala em entregar a segurança das cadeias à Polícia Militar…
Wolney – É uma injustiça com a população. SC já tem poucos policiais nas ruas. E as penitenciárias são locais em que eles não estão preparados para atuar. Isso é radicalizar. E se eles radicalizarem nós também vamos radicalizar.