Doutora em Neurociências e mestre em Ciências do Movimento Humano pela UFRGS, a fisioterapeuta e educadora física Flávia Martinez é uma referência no Estado quando se fala em fisioterapia aquática. Professora adjunta da UFRGS, convidada em diversas universidades e proprietária pela clínica Acquaticus, a gaúcha fala sobre os benefícios da modalidade e as diferenças em relação à hidroterapia:

Continua depois da publicidade

>> Conheça as principais terapias aquáticas e como elas podem beneficiar a sua saúde

Vida – Quais as principais diferenças entre a hidroterapia e a fisioterapia aquática?

Flávia Martinez – São sinônimos, mas como como as pessoas confundem muito hidroginástica e hidroterapia, pelo uso popular do termo “hidro”, a Associação Brasileira de Fisioterapia optou, a exemplo de outros países, por utilizar o termo fisioterapia aquática. Na fisioterapia aquática se utilizam muitas técnicas e métodos fisioterapêuticos adaptados ou específicos do meio líquido, visando prevenção, promoção ou reabilitação da saúde humana. É uma releitura da fisioterapia convencional explorando, além das mãos do fisioterapeuta, as forças físicas do ambiente aquático. Na fisioterapia aquática o tratamento é individualizado e busca objetivos específicos, levantados a partir da avaliação criteriosa do paciente. O profissional fica dentro da piscina com o paciente. É diferente de hidroginástica, que é um programa de exercícios realizados em grupo, com o professor de educação física fora da água.

Continua depois da publicidade

Vida- Em que casos demonstra mais efetividade?

Flávia – Pacientes neurológicos se beneficiam muito da água, tal como pacientes reumáticos, idosos, pacientes fibromiálgicos e com tensões crônicas. Pacientes com problemas musculoesqueléticos, como na coluna vertebral e nas articulações também são beneficiados. Na água, a reabilitação é mais acelerada, porque une os usos convencionais com o potencial curativo da água aquecida. Também se usa para atletas, inclusive grandes clubes desportivos do mundo têm suas próprias piscinas terapêuticas.

Vida – Como os médicos se relacionam com esse tipo de terapia? Eles costumam indicar ou ainda a enxergam como uma terapia alternativa?

Flávia – A cada ano mais médicos recomendam, pelos próprios relatos positivos dos pacientes. Mas na comunidade médica ainda existe confusão entre fisioterapia aquática e hidroginástica. Alguns médicos desconhecem os recursos e benefícios; acham que a água só facilita os movimentos, mas exercícios aquáticos conseguem fortalecer músculos, sim. Pesquisas científicas comprovam que na água se recuperam muitas qualidades físicas como força, equilíbrio, resistência e condicionamento cardiorrespiratório.

Vida- Em Porto Alegre, a modalidade já é conhecida ou ainda é novidade?

Flávia – Há clínicas especializadas, mesmo que poucas, há 20 anos. Ainda é uma terapia elitizada, pelos altos custos de manutenção e por que o Sistema Único de Saúde (SUS) não cobre. O curso de Fisioterapia da UFRGS já tem um programa assistencial de fisioterapia aquática com baixo custo e, em 2013, teremos atendimentos pelo SUS, por meio de parcerias com Unidades Básicas de Saúde, para oferecer essa oportunidade para pessoas que não tem condições de pagar.

Continua depois da publicidade