Um total de 90% das prisões por tráfico de drogas em Blumenau tem o crack entre os entorpecentes apreendidos. A constatação é do delegado Ronnie Esteves, responsável pela Divisão de Repressão a Entorpecentes (DRE) da Polícia Civil, com base nas estatísticas do ano passado.

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No ranking das apreensões de drogas em 2013, o crack, com 2,7 quilos recolhidos, perde para a maconha, que lidera a lista com 12 quilos. Mas o perfil das prisões ocorridas no ano anterior mostra que ele está muito mais disseminado entre os traficantes. Prova disso é que de toda a maconha apreendida em 2013, metade foi encontrada com uma única pessoa. E neste ano, em apenas uma apreensão na última quarta-feira, a Polícia Civil já apreendeu com um adolescente de 17 anos um quilo de pedra, o que representa quase um terço do volume tirado de circulação no ano passado.

Para o delegado, a popularização do crack se explica por ser uma droga barata, de lucro rápido para o traficante e com fácil saída, já que há muitos compradores.

Tonello aponta ainda fatores indiretos que podem levar ao uso, como baixa qualidade de vida, criminalidade e educação deficiente. Como o efeito do crack no cérebro é rápido e num primeiro momento provoca alta satisfação psicológica (algo comparável ao prazer), é quase certo que ele leve o usuário à dependência química, conforme explica o professor Cláudio Guimarães, diretor do Centro de Ciências da Saúde da Furb.

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Para enfrentar o tráfico, a Polícia Militar atua na prevenção, com ações em escolas do Programa de Resistências às Drogas (Proerd), e a Polícia Civil se dedica a investigar o crime. Esteves diz que não adianta apenas flagrar pessoas com drogas. O ideal, explica ele, é que a investigação colha informações que consigam comprovar o envolvimento na venda de entorpecentes. Caso contrário, traficantes acabam absolvidos pela Justiça por falta de provas.

Em Blumenau tráfico é pulverizado

Apesar do trabalho para atacar o tráfico, o coordenador da Divisão de Repressão a Entorpecentes reconhece que é impossível exterminá-lo. Ainda mais porque em Blumenau, segundo ele, o comércio está em várias partes da cidade:

_ Aqui não existe região livre de drogas. Se tem consumo, tem venda. Sabemos disso pela enxurrada de denúncias e pelo nosso trabalho de investigação.

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Estima-se que grande parte dos entorpecentes venha do Paraguai, embora alguns traficantes costumem buscá-los no litoral catarinense. Chegar aos fornecedores das drogas é um dos desafios da DRE.

_ Tentamos percorrer uma cadeia até chegar a eles, mas é difícil. Nem sempre conseguimos – admite o delegado Esteves.