25 e 26 de maio de 2013:

Desde jovem senti nesta composição algo de bonito, romântico e sensual. Nada mais agradável aos olhos do que uma mulher numa bicicleta. Ainda menino, lembro que com os amigos da rua, sentávamos no meio-fio da calçada para maliciosamente ver as coxas pálidas das operárias que de bicicleta voltavam das fábricas.

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O tempo passou e hoje confesso: nunca vi nada, pois na época as mulheres usavam longas saias, anáguas, combinação e aventais. Tinha muito tecido e nenhum visual. Daí o “mistério” que ficou para sempre. Nesta mesma cidade de operários e fábricas, cresci para ser artista no mundo. Fiel aos meus sentimentos, fiz da mulher e da bicicleta as musas da minha vida adulta e da minha arte, que na verdade é uma coisa só.

A primeira vez em que recebi um prêmio em pintura – Salão dos Novos, Curitiba, 1961 – foi com um quadro intitulado As operárias do Itaum. Uma cena com muitos ciclistas com guarda-chuva nas mãos saindo da fábrica num final de tarde com céu cor de chumbo. Quadro este que faz parte do meu acervo particular e não tem preço que pague.

Em breve o mostrarei ao público catarinense numa exposição que se chamará A bicicleta na vida e obra de Juarez Machado. A bicicleta para mim não é um veículo e sim um símbolo feminino e de tempo, pois representa a minha infância e adolescência. .

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