Quem não viu, vai ver. As fábulas do Beija-Flor. Embalado neste tema, Luiz Antônio Feliciano Marcondes, o Neguinho da Beija-Flor, prepara-se para entrar na Marquês de Sapucaí neste Carnaval. Aos 70 anos, o sambista e compositor leva na bagagem um histórico de superação do câncer, de consolidação na carreira e de humor.
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Ele conversou com a reportagem da NSC na quarta-feira (20). Diretamente do estúdio, entre uma audição e outra, falou sobre sua história, e disse que aposta no governo de Jair Bolsonaro para dar uma virada na situação da segurança e da violência no Brasil.
Neguinho da Beija-Flor frequenta sessões de fonoaudiologia. Faz corridas diárias de 12 quilômetros na praia para ter longevidade e curtir tudo que conquistou ao longo dos 43 anos na Escola Beija-flor, campeã ano passado no Carnaval do Rio de Janeiro.
Traduza seu amor pela escola a ponto de colocar a Beija-Flor no seu DNA?
A Beija-Flor é nosso quase tudo. Faz parte da minha família. Entrei para a escola em 1975, neste ano faz 43 anos. Eu tenho mais tempo na Beija-Flor do que fora. Ela me proporcionou tudo, tenho oportunidade de viajar o mundo todo, tenho uma certa consideração no mundo do samba, um reconhecimento no que a gente faz e isso tudo devo à Beija-Flor.
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Você tentou entrar em outras escolas antes da Beija-Flor. Esses “nãos” te impulsionaram?
Em meados da década de 1970, eu procurei as escolas de samba. Não fui aceito, talvez por eu ser muito novo na época. Império Serrano disse que a ala de compositores estava completa. Na Portela, disseram que eu era muito novo. Salgueiro a mesma coisa. Então eu recebi um convite do presidente da Beija-Flor na época e eu aceitei e estou até hoje. O primeiro campeonato da escola foi com um samba de minha autoria. E a coisa já começou dando certo. De lá para cá virou meu signo. Costumo dizer que meu signo é Beija-Flor.
Como é a sua vida fora da época do Carnaval?
Eu tenho 36 álbuns gravados. Músicas conhecidas como "Ângela", "Bem Melhor que Você", "Malandro é Malandro, mané é mané", "Malandro também Chora" e a gente roda o mundo todo. Agora em março eu vou ficar 40 dias nos Estados Unidos. Junho e julho eu estarei na Europa. E assim por diante. Eu vivo a música 365 dias por ano.
Você casou na avenida. O que levou a juntar as paixões: Elaine e Carnaval?
Eu estava atravessando um momento ruim, em pleno tratamento contra o câncer e estava sem ter a certeza de que iria aguentar, devido ao tratamento da quimioterapia, puxar o samba. Então pensei em fazer uma coisa boa e resolvi casar na avenida. Combinei com a minha esposa e casamos. A Liga das Escolas de Samba nos deu 10 minutos para ser realizado o matrimônio, antes de eu subir no carro da Beija-Flor e nós casamos em oito minutos. Foi um dos casamentos mais rápidos da história, com o maior número de convidados e sem gastar um copo de chope (risos).
Que lições o câncer deixou na sua vida?
Eu me arrisco a dizer que o câncer foi a melhor coisa que Deus colocou na minha vida. Eu vi quantos amigos eu tenho e quanto as pessoas gostam de mim. A vida hoje tem outro valor. Mudou tudo, da água para o vinho. Dou mais valor aos amigos, família, música. Valorizo mais o que mais gosto de fazer, que é compor e cantar. Logicamente que, por recomendação médica, evito alguns alimentos condimentados, conservas, etc. Periodicamente tenho feito exames para ver se está tudo bem, mas já se passaram 10 anos. Está bonito!
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Você mora no Brasil?
Eu vivo um pouco lá e um pouco aqui. Mas na maioria do tempo fico aqui. Minha esposa é neta de português e tem facilidade de pegar a nacionalidade. Eu sendo casado, estou nessa aí. Mesmo como artista, alguns países facilitam a entrada e transição.
Acha que a insegurança no Brasil tem solução?
A esperança é agora neste novo governo. Promessa de combater e a gente já começou a perceber que as coisas estão mudando. Está começando para cima. Tem muita gente de gravata tomando um corretivo.
Você votou em Jair Bolsonaro?
Votei e acredito que seja a solução. Tem tubarão nadando em piscina já.
Tem planos de se candidatar?
Não. Jamais. Não quero não.
O carnaval para você ainda é cultural ou se transformou em uma festa mais comercial?
O que dá certo exige um lado da comercialização. O Carnaval do Brasil saiu da época do pulo do gato e evoluiu. Ele se comercializou, mas foi muito bom para o samba. Hoje o Carnaval é considerado o maior espetáculo audiovisual do planeta.
E os preparativos para o Carnaval?
Eu estou numa fase de preparação. Estou fazendo umas corridas, fonoaudióloga e me preparando. Na expectativa do grande dia. Eu corro diariamente 12 quilômetros na praia para abrir o pulmão.
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