A semana mais conturbada da história recente de Santa Catarina na área de segurança escancarou uma guerra cujo front se espraia para além dos presídios e das bases policiais. Patrolou catarinenses indefesos ante uma onda de violência nunca vista e chocados ao testemunhar cenas até então restritas a grandes centros, como ônibus em chamas e delegacias alvejadas.
Continua depois da publicidade
Na Redação do DC, os últimos dias foram exaustivos e consagraram uma expressão comum no jargão jornalístico, mas que nenhum de nós gostaria de ter aplicado:
– Confirmado.
Na profusão de boatos e compartilhamentos nem sempre verdadeiros que chegavam a todo momento, por telefone ou pelas redes sociais, cada vez que se ouvia o termo acima era a confirmação de mais um atentado, depois de rigorosa checagem.
Desde as 22h de segunda-feira, quando chegou à Redação a informação de que um carro da Polícia Militar ardia no Saco dos Limões, em Florianópolis, jornalistas se entregaram sem titubear à missão de informar uma sociedade com o direito de saber o que estava ocorrendo e, a partir de informações confiáveis, tirar suas conclusões.
Continua depois da publicidade
Para editores, repórteres, fotógrafos e diagramadores, a guerra da informação não consumia coquetéis-molotovs nem projéteis, mas um incansável trabalho de conferência e publicação que se estendeu pelas madrugadas. Boatos, imagens falsas e vídeos de procedência duvidosa circulavam, tentando dar aos fatos uma dimensão maior do que a realidade, mas não encontraram guarida na cobertura jornalística do DC.
A partir de quarta-feira, o jornal e o site passaram a publicar um mapa diário dos acontecimentos com números e locais precisos – ou o mais próximo da exatidão possível – de onde se desenrolava a violência. Nos editoriais e através da opinião de seus colunistas, o DC defendeu desde o começo transparência nas informações e uma firme reação das forças de segurança à afronta do crime.
O resultado foi um extenso trabalho de cobertura, ainda em andamento, pois muito há a se refletir sobre o novembro de 2012. Quando cessarem os ataques – espera-se que logo -, é preciso acompanhar seus desdobramentos e esmiuçar suas causas, para combatê-las.
Por enquanto, além da expectativa geral por dias melhores, paira um sentimento traduzido no depoimento do motorista de ônibus Antônio Almerindo Jorge, 47 anos, quinta de madrugada, ainda em choque pelo terror que acabara de viver em Palhoça. Com uma arma apontada para seu rosto enquanto bandidos ateavam fogo ao veículo, implorou para sair das chamas. Enquanto recebia atendimento para as queimaduras, desabafou à repórter Gabriela Rovai:
Continua depois da publicidade
– A gente não tem ação.