Quase todos os 340 acordos coletivos de trabalho assinados no primeiro semestre resultaram em reajustes salariais acima da inflação calculada pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) no período. A informação faz parte do estudo Sistema de Acompanhamento de Salários do Departamento Intersindical de Estudos de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), divulgado nesta quinta-feira. Em 93% das negociações houve aumentos reais, sendo a maioria na faixa de 1% a 2%.
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A pesquisa mostra que, em todas as áreas, o percentual de negociações que resultaram em um aumento real nos pisos salariais foi superior a 90%. Os setores que mais conquistaram reajustes acima da inflação foram Comércio (95,7% das negociações), Indústria (92,9%) e Serviços (92,8%). Já aos reajustes abaixo do INPC, que aconteceu em 2,6% das categorias, foram mais frequentes na Indústria (4,5% das negociações), Comércio (2,2%) e Serviços (0,7%). Em 4,1% dos setores analisados, o reajuste foi igual ao INPC.
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No relatório, o Dieese destaca que os resultados do primeiro semestre de 2014 são melhores do que os registrados para as mesmas unidades de negociação no ano anterior, tanto no crescimento do número de reajustes acima do INPC quanto na elevação dos valores negociados.
Segundo o órgão, a melhora foi observada em todos os setores econômicos e regiões geográficas. Desde 2008, quando o Dieese passou a analisar os reajustes salariais, a entidade observa que os reajustes dos seis primeiros meses deste ano só ficam atrás do verificado em 2012 “e, em certos aspectos, em 2010”.
Menor inflação pode explicar os resultados
A entidade aponta três como sendo os principais fatores que justificam o bom resultado das negociações. O primeiro é a redução das taxas de inflação em relação ao ano passado. Outro fator é a manutenção das taxas de desemprego em patamares baixos, o que, em geral, “denota um mercado de trabalho aquecido e encoraja a mobilização dos trabalhadores”.
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O último aspecto apontado é o que o Dieese chama de efeito catalisador de algumas paralisações “bem sucedidas” realizadas no primeiro semestre, em especial de trabalhadores das áreas de limpeza urbana e transporte coletivo, o que teria encorajado outras categorias.
O Dieese ressalta, ainda, que esses mesmos fatores devem ser considerados em qualquer tentativa de prognóstico para as campanhas salariais do segundo semestre. Em relação à inflação, o órgão afirma que vários indicadores, entre eles o INPC e a pesquisa de Cesta Básica feita pelo Dieese, sinalizam para manutenção da tendência de queda captada nas últimas pesquisas, “o que é positivo para as negociações coletivas”.