Os 90 anos do clássico Avaí e Figueirense serão mostrados até domingo pela Hora de Santa Catarina e o Diário Catarinense, em reportagens que recontam a história do primeiro duelo.

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>> Após o jogo, juiz da partida escreve carta a jornal reclamando dos xingamentos

>> Jogadores do Avaí deixaram campo antes do final do primeiro jogo

Na Florianópolis de 1924, com cerca de 41 mil habitantes, o match marcado para o dia 13 de abril despertava curiosidade da população. A rivalidade nasceu dias antes: insatisfeitos, nove atletas do Figueirense decidiram trocar de lado. No dia 28 de março de 1924 José Silva, Delgidio Dutra Filho, Waldemar Alves, Mambrini Filho, Carlos Pires, Acciolly Vieira, Abelardo Pinto Monteiros e Enéas Noronha foram os primeiros a deixar o Furacão para atuar no rival.

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Jornais da época, O Estado e República deram notas curtas sobre a transferência. Algo bem diferente do que ocorreria hoje se algo semelhante ocorresse. Em 90 anos não foi apenas a cidade que mudou, mas o foco das notícias. Se hoje a Hora e o DC trazem capas e muitas páginas dedicadas apenas a uma partida, em 1924 os jornais traziam apenas pequenas notas.

Em vez de fotografias, os jornais tinham desenhos, dedicados especialmente à publicidade.

– Para o jogo de hoje, reina entre os membros de ambos os clubes grandes enthusiasmo – anunciava uma curta nota no periódico República.

Na década de 1920

Naquela época, Florianópolis não passava de uma vila e os desportos futebolísticos mereciam apenas algumas notas nas edições sem fotografias. Confira um texto publicado no jornal O Estado na época.

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No antigo campo da rua Bocayuva, teve lugar em 13 de abril de 1924, o primeiro match entre os teams do Figueirense football club e Avahy football club. O jogo gerou grande enthusiasmo na provinciana Florianópolis, que tinha pouco mais de 41 mil habitantes. A história desta peleja terminou com victória do Figueirense pelo score de 4 x 3. Isso foi após os jogadores “tomarem folego”, e virarem uma partida que perdiam por 3 goals a 0. No primeiro tempo, o clube azul apresentou um futebol “bem jogado e vigoroso”. Depois da virada, houve câmpo abandonado e “torcida indelicada e desleal” tentando aferir ao senhor juiz do match qualidades que ele afirmou não possuir. Relembre como era a Catedral Metropolitana nos anos 1920, década do primeiro clássico Figueira x Avaí.

>> Confira como era a Catedral Metropolitana na década de 1920, época do primeiro clássico

Naquela Florianópolis, o remo era o desporto mais robusto, as maternidades somavam nascimentos que não passavam de centênas durante um ano e o Serviço de Hygiene demographo-sanitaria informava com enthusiasmo a redução dos obitos, “magnífica e só alcançadas pelas cidades de melhor reputação quanto às condições de saneamento, como destacava a capa de A República no dia da partida.

E vejam só, senhoras e senhôres: Florianópolis já enfrentava problemas com transporte público. Os jornais publicavam cartas de reclamação por causa dos escassos horários das balsas que faziam o transporte ilha-continente. Ponte, não havia. Certas coisas não mudam. A rivalidade entre Avahy e Figueirense também não.*

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*No texto acima foram usados termos e verbos usados pelos jornais da época em que a partida aconteceu.