A propriedade de Marcos Weiss, 38, em Palmitos, passa de pai para filho há quatro gerações. Todos da família tem funções específicas e são fundamentais para a geração de renda.
Continua depois da publicidade
— Meu pai trabalha com suínos, já eu, minha esposa e meu filho trabalhamos com leite. Nossa principal diferença dos grandes produtores é que todo mundo tem uma função. E cada um também sabe fazer a função do outro para quando precisar — conta Weiss.
Esse sistema simples de divisão de tarefas se replica nas demais propriedades familiares de Santa Catarina. Apesar de sempre presente no Estado, a representatividade do modelo ganhou força nos últimos anos.
A pecuária foi a principal atividade econômica rural em Santa Catarina, presente em 46,8% do total, com cerca de 85 mil propriedades. Já as lavouras temporárias são a renda primárias de 37,6% das terras. Os números mostram uma inversão se comparados ao Censo Agro de 2006, de acordo com IBGE.
Dedicação integral
Weiss conta que a rotina começa às 5h da manhã, quando ele e a esposa acordam e se preparam para iniciar a ordenha. Depois de duas horas, as vacas são soltas no pasto, enquanto a família limpa e prepara as instalações para o turno do fim de tarde.
Continua depois da publicidade
— A tarde a gente deixa para compromissos fora ou manutenção. Tem sempre o que mexer, negociar os produtos ou fazer uma adubagem de pasto. Depois, lá pelas cinco da tarde, voltamos para a ordenha e eu só vou para casa descansar oito da noite — relata Marcos, que ressalta que a atividade segue assim também durante os finais de semana.
Incentivos e parcerias de sucesso
Os produtores que se enquadram na agricultura familiar recebem diversas vantagens. Uma delas é o Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar), que oferece financiamento a quem deseja modernizar a produção e aumentar a renda. A linha de crédito especial garante segurança para investir na propriedade.
O modelo de negócio também é sustentável. De acordo com a ONU, 80% do alimento mundial é produzido por propriedades familiares. Essas lavouras e granjas abastecem o mercado local e suprem demandas diárias de mercados e restaurantes.
O produtor relata que teve dois anos consecutivos de prejuízos com a produção de grãos, então dedicou-se em ampliar o gado leiteiro. Para o modelo familiar de trabalho, Weiss recebe benefícios na compra de sêmen para inseminação, pagando metade do valor, assim como auxílio com nitrogênio para estocagem de leite.
Continua depois da publicidade
A propriedade também produz suínos, setor que foi impulsionado e incentivado a aumentar a produção para exportação por conta da Peste Suína Africana que assola a Ásia (maior mercado consumidor da carne).
— Temos parceria com uma cooperativa, que passou, recentemente, a pagar mais por cabeça. É bom receber mais, mas ainda entregamos apenas três lotes por ano, então nossa produção não mudou — conta.
Expoente no Brasil
Destaque na produção animal e vegetal, Santa Catarina tem uma agricultura familiar altamente produtiva e inserida no agronegócio. De acordo com os dados do Censo Agro, 78% das propriedades rurais são deste modelo, ocupando 364 mil pessoas e 2,45 milhões de hectares cultivados. Além disso, o valor da produção dos pequenos cultivos é o quinto maior do Brasil, com R$ 10,38 bilhões.
— O agronegócio catarinense tem características únicas, somos um pequeno estado com uma produção gigante. A diversidade e a qualidade dos produtos do nosso agronegócio são reconhecidos em todo o mundo — relata o secretário do Estado e da Agricultura, da Pesca e do Desenvolvimento Rural, Ricardo de Gouvêa.
Continua depois da publicidade