Em 1947, os bailes em Joinville embalavam casais em um clima de romantismo e inocência. E foi num um deles que Alvino Finder, de 16 anos, tirou Waltrudes Schroeder, de 15, para dançar pelo salão da Sociedade Estrela da Praia.

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Na cortesia da brincadeira de adolescentes começou um romance que foi oficializado há 60 anos e continua para assistir à cidade, aos filhos, netos e bisnetos crescerem.

– A gente era muito inocente naquela época, não era como os jovens de hoje que são avançados. Éramos duas crianças – lembra Alvino.

No início de abril, dona Waltrudes, agora com 78, ouviu do filho a pergunta inevitável: e a festa de 60 anos de casamento? A data que marca as seis décadas do dia em que ela entrou na Igreja da Paz para unir-se ao primeiro namorado estava chegando e não havia planos para a comemoração.

– Eu falei: ah, meu filho, acho que ninguém comemora isso com festa. Eu nunca ouvi falar – conta ela. E a resposta não demorou:

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– Mãe, não comemoram porque quase ninguém chega aos 60 anos de casamento.

As bodas de diamante foram festejadas com a presença de todas as conquistas destes anos. Os quatro filhos, os oito netos e os quatros bisnetos, o grupo de bandoneon de seu Alvino e as amigas da dança cênica de dona Waltrudes.

Este é um dos segredos de felicidade garantida do casal: festejar sempre, em todas as datas comemorativas.

– Aniversários, casamentos, batizados, nada disso passa em branco aqui em casa, nem que seja só um almoço ou um café em família – conta Alvino.

Família é outra palavra-chave do casal. Falar nos filhos, netos e bisnetos abre um sorriso no rosto dela e dá a ele assunto para conversar uma tarde inteira. O orgulho da boa criação dos descendentes reflete-se na união que fez com que eles fossem surpreendidos na hora de trancar o portão, no final do dia 22 de abril, data oficial do aniversário.

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Era a família tentando fazer uma festa-surpresa.

– Pegamos no flagra na hora em que entravam para nos surpreender – conta dona Waltrudes.

– Nos 50 anos de casamento, eles chegaram fazendo a surpresa à meia-noite, mas dessa vez eu falei para não acordar ?os dois velhos? tão tarde – contou.

A história do casal confunde-se com a de Joinville, principalmente do Iririú, onde Waltrudes nasceu e onde eles construíram a casa em que vivem até hoje.

– A vida era muito difícil naquele tempo, as crianças ficavam doentes e ninguém tinha carro para levar no médico – relata ela.

Na infância de Alvino, automóveis passando na rua era ainda mais raro. A família tinha um sítio na Estrada da Ilha e até ir para a escola era uma dificuldade. Aos 14 anos, ele saiu da zona rural para trabalhar com o irmão mais velho na loja Móveis Finder.

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Mais tarde, ele abriu a própria loja, a Reformador de Móveis Finder. Quando Alvino fechou a estofaria há 20 anos, Waltrudes realizou o sonho de construir um orquidário.