A pandemia do coronavírus ainda não acabou. E mais do que isso: fatos mostram que Santa Catarina e o Brasil estão passando pelo pior momento no combate à Covid-19. Isto porque, começamos 2021 com crescimento do número de mortes, transmissão da nova variante, estratégia de vacinação lenta, falta de leitos de UTI e dificuldade para manter as medidas de isolamento.
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E, além de todos esses fatos, o país ainda lida com o descaso da situação pelo governo federal. Além de menosprezar o crescimento de mortes e fazer campanha para medicamentos sem eficácia comprovada, o presidente Jair Bolsonaro segue diminuindo o impacto da pandemia e chega a classificar o pedido de mais ações contra a Covid como “mimimi”.
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Por isso, reúnimos as notícias e os dados que podem ajudar a compreender o cenário como um dos mais graves até então.
Entenda, a seguir, quais são estes fatos que mostram por que SC e Brasil passam pelo pior momento da pandemia de Covid-19:
Número de mortos em SC e no Brasil está em alta
Os primeiros meses de 2021 já ficaram marcados como alguns dos mais letais na pandemia em todo o país. No dia 3 de março deste ano, alcançamos o maior número de mortes em apenas um dia desde o começo da pandemia: foram 1.910 óbitos.
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A situação é tão grave e chocante que recebeu uma análise crítica pelo chargista do DC, Zé Dassilva. Na charge “Triste recorde”, o artista compara a morte de milhares na Roma Antiga com o atual panorama brasileiro.
Até março deste ano, o maior número de mortes em um dia tinha sido registrado em 25 de julho de 2020, com 1.102 óbitos. Em fevereiro deste ano, no dia 24, um novo recorde de mortes: 1.124. E o número não parou de subir.
Em Santa Catarina, no dia com mais mortes no Brasil, foram confirmadas mais 97 mortes por complicações da doença. No Estado, mais de 7.610 catarinenses morreram de Covid-19, segundo balanço divulgado pela Secretaria de Saúde (SES).
> Painel do Coronavírus: saiba como foi o avanço da pandemia em SC
Nova variante da Covid já está por trás da maioria dos casos
Se um tipo de coronavírus já não bastasse, novas variantes do vírus estão cada vez mais por trás dos novos casos de Covid. Em SC, por exemplo, as infecções pelas novas variantes já são maioria entre os casos.
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De acordo com dados da colunista da NSC, Dagmara Spautz, levantamento do Observatório Covid-19 da Fiocruz identificou que 63% dos casos de coronavírus no Estado são causados por novas variantes, mais transmissíveis. Na quinta-feira (4), a Diretoria Estadual de Vigilância Epidemiológica de Santa Catarina (Dive) confirmou os primeiros casos de transmissão comunitária da variante P.1, a variante brasileira.
Vacinação segue em ritmo lento
Para barrar as contaminações, as mortes e as novas variantes, a estratégia de vacinação rápida é uma das mais eficientes. Porém, o Brasil – mesmo sendo referência em campanhas de vacinação – está muito atrás da maioria do mundo.

Em todo o país, um pouco mais de 3% da população recebeu as doses da vacina contra Covid-19. Comparado com os Estados Unidos, por exemplo, o Brasil está muito abaixo. Enquanto 9 milhões de doses fora distribuídas entre os brasileiros, mais de 82 milhões já chegaram aos norte-americanos.
Quando falamos em Santa Catarina, os dados também mostram uma estimativa “desanimadora”. Com o atual ritmo, a vacinação em todos os catarinenses só encerraria em 2023.
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> Acompanhe dados da vacinação em cada município de SC no Monitor da Vacina
UTIs estão lotadas e pessoas morrem na espera de leitos
Todos este dados já são chocantes por si só. Porém, a combinação deles acabam em um dado ainda mais assustador: com a transmissão em alta, os leitos de UTI acabaram e pessoas estão morrendo por falta de leito. No mesmo dia em o recorde de mortos no Brasil foi registrado, a ocupação geral de leitos públicos de UTI chega a 96% em Santa Catarina, a taxa mais alta da pandemia.
Em Santa Catarina, o caso de uma técnica de enfermagem que morreu na espera de um leito no Oeste chocou muitos catarinenses. A falta de leitos também causou um relato emocianado de uma filha que perdeu o pai em Xanxerê. Iolar Zampiron, um dos oito pacientes mortos à espera de uma vaga de terapia intensiva (UTI) na cidade morreu depois de passar seis dias na fila de espera.
– Infelizmente ele precisava de UTI logo que foi internado, pois estava com 75% dos pulmões comprometidos e com pneumonia. Tenho certeza que se tivessem dado um tratamento adequado e se tivesse um leito ele teria se salvado, teria saído dessa – lamentou a filha.
Conter aglomerações e manter restrições está cada vez mais difícil
Mesmo com lockdown em Santa Catarina em dois fins de semana, muitas cenas de desrespeito às regras de enfrentamento ao coronavírus foram flagradas no Estado. No total, 6.363 fiscalizações, 27 interdições e 376 notificações foram necessárias entre as 23h de sexta-feira (26) e as 6h de segunda-feira (1º), segundo a Secretaria da Segurança Pública (SSP).
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E o desrespeito às regras fez com que o secretário de saúde de SC, André Motta, falasse que somente a forma militar faria com que as pessoas ficassem em casa. Porém, em entrevista ao NSC Notícias, o representante da pasta não mencionou a possibilidade de novas medidas e salientou que a responsabilidade pelo controle da propagação também deve ser assumida pela população:
– Nós fizemos o processo de restrições nos fins de semana, mas tenho a impressão de que em alguns ambientes só se colocarmos o Exército na rua [para cumprir as medidas]. As pessoas precisam colaborar.
Motta também reforçou que o Estado está “chegando” ao esgotamento dos leitos públicos de UTI, o que deixa os hospitais sem condições de manter todos os pacientes infectados assistidos, e admitiu que não esperava vivenciar o cenário de caos de SC.
Governo Federal analisa situação como “mimimi”
Outro ponto que contribui para a situação caótica da pandemia é a irresponsabilidade do governo federal frente ao controle das transmissões. Além de defender remédios sem comprovação e sem visto sem máscara, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) voltou a criticar as medidas de isolamento social no país para conter o avanço do coronavírus e disse que os problemas precisam ser enfrentados pela população.
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– Nós temos que enfrentar os nossos problemas, chega de frescura e de mimimi. Vão ficar chorando até quando? Temos de enfrentar os problemas. Respeitar, obviamente, os mais idosos, aqueles que têm doenças, comorbidades, mas onde vai parar o Brasil se nós pararmos? – questionou o presidente em São Simão (GO).
Confira os fatos que marcaram a pandemia de Covid na retrospectiva
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