A maioria dos brasileiros, 56% dos ouvidos pelo Datafolha, defende a abertura de um processo de impeachment contra o presidente Jair Bolsonaro. O instituto ouviu presencialmente 3.667 pessoas em 190 cidades, entre os dias 13 e 15 de setembro.

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É um índice que oscila positivamente dentro da margem de erro de dois pontos do levantamento, ante os 54% que pediam o impeachment em julho.

Naquele momento, houve a confirmação da tendência apontada na pesquisa de maio, quando pela primeira vez desde que o Datafolha começou a fazer a pergunta, em abril de 2020, havia uma vantagem numérica em favor do impedimento (49% a 46% contrários).

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Agora, ficou estável o número daqueles que são contra a medida (41%, ante 42% na rodada anterior). Não souberam opinar 3%.

Impeachment retorna à pauta após protestos

O impeachment voltou à pauta nacional após os protestos do 7 de Setembro, quando Bolsonaro atingiu o ápice de sua campanha golpista contra as instituições, em especial o Supremo Tribunal Federal, corte que ele ameaçou devido aos processos que lá correm e podem atingir tanto o presidente como seus filhos e grupos bolsonaristas.

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Bolsonaro chegou a dizer que não iria cumprir quaisquer ordens judiciais de seu desafeto Alexandre de Moraes, ministro do Supremo que relata ações acerca do bolsonarismo como o inquérito das fake news. Para 76% dos brasileiros, se fizesse isso, já mereceria a abertura de um processo de impeachment.

Alguns partidos se mexeram com a crise. O PSD da bússola da “realpolitik” brasileira Gilberto Kassab criou uma comissão para “acompanhamento do impeachment”, e o sempre dividido PSDB aprovou na sua Executiva a ida à oposição e a abertura de debate sobre o tema.

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Não que o impedimento estivesse na esquina, dado que Bolsonaro seguia com apoio seguro do centrão na Câmara, na figura do presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), que de cara descartou a medida em pronunciamento.

Mas a pressão, em especial pelo crescente desembarque de setores econômicos que entenderam o preço que a turbulência política cobra ao deixar o país em desgoverno e índices como a inflação ameaçando descontrole, cresceu.

Arthur Lira concede entrevista para jornalistas na entrada da Câmara dos Deputados
Abertura de processo de impeachment depende do Presidente da Câmara dos deputados, Arthur Lira (Foto: Michel Jesus/Câmara dos Deputados/Divulgação)

Em dois dias, com a nota de recuo operada pelo ex-presidente Michel Temer (MDB), a crise foi contida por ora.

Ninguém no mundo político aposta por quanto tempo, mas o impeachment se torna mais improvável à medida que o tempo passa: um processo de talvez seis meses, ele encavalaria com o início da campanha eleitoral, em uma confusão que desagrada tanto a agentes políticos como econômicos.

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Os interesses políticos

Para o centrão, por exemplo, interessa mais manter sua influência e controle sobre emendas. Já na esquerda, o cálculo do líder atual na disputa de 2022, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), é de deixar Bolsonaro sangrando — mesmo que o ex-presidente diga apoiar o impeachment.

A oposição à direita fracassou em fazer um ato consistente contra o presidente na esteira da crise da semana do 7 de Setembro, no dia 12, devido a erros de organização e divisões internas. O próximo protesto está a cargo da esquerda, no dia 2 de outubro.
Isso dito, a percepção popular sobre o assunto não mudou, como mostrou o Datafolha, e a tendência pró-impedimento se mantém. No começo do ano, a fotografia era inversa: 53% não queriam a medida e 42%, sim.

Confira imagens das manifestações pró-Bolsonaro de 7 de Setembro

Manifestantes em Brasília durante ato no dia 7 de setembro a favor do presidente Jair Bolsonaro
Manifestantes em Brasília durante ato no dia 7 de setembro a favor do presidente Jair Bolsonaro – (Foto: Marcos Correa/PR/Divulgação)
Bolsonaro discurso em Brasília na manhã de 7 de setembro
Bolsonaro discurso em Brasília na manhã de 7 de setembro – (Foto: Marcos Correa/PR/Divulgação)
Manifestantes se concentraram na Esplanada dos Ministérios em Brasília
Manifestantes se concentraram na Esplanada dos Ministérios em Brasília – (Foto: Marcos Correa/PR/Divulgação)
Bolsonaro compareceu às manifestações em apoio ao seu governo em São Paulo, na Avenida Paulista
Bolsonaro compareceu às manifestações em apoio ao seu governo em São Paulo, na Avenida Paulista – (Foto: Fábio Vieira/Metrópoles)
Atos a favor do presidente Jair Bolsonaro ocorreram na Avenida Paulista em São Paulo
Atos a favor do presidente Jair Bolsonaro ocorreram na Avenida Paulista em São Paulo – (Foto: Folhapress)
Vista aérea da Avenida Paulista em São Paulo, onde manifestações pró-Bolsonaro foram registradas neste 7 de setembro
Vista aérea da Avenida Paulista em São Paulo, onde manifestações pró-Bolsonaro foram registradas neste 7 de setembro – (Foto: Mighel Schincariol/AFP)
Na Avenida Paulista, manifestante pró-Bolsonaro veste roupas que remetem a apoiador de Donald Trump, que ficou famoso durante a Invasão do Capitólio, em Washington, no início de 2021
Na Avenida Paulista, manifestante pró-Bolsonaro veste roupas que remetem a apoiador de Donald Trump, que ficou famoso durante a Invasão do Capitólio, em Washington, no início de 2021 – (Foto: Mighel Schincariol/AFP)

Desejam mais que a Câmara lance mão do expediente os mais pobres (62%), os mais jovens (67%), nordestinos (67%) e estudantes (68%). Em relação ao tamanho da amostra, o dado de renda é o mais importante, pois o segmento que ganha até 2 salários mínimos compõe 51% dos entrevistados.

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Na mão contrária vêm os mais ricos (55% contra), empresários (69%) e evangélicos (53%). Aqui, o corte religioso é o de maior peso na amostra, 26% dela.

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Assim como ocorre na intenção de voto, os aderentes principalmente de denominações pentecostais e neopentecostais se mostrar frustados com Bolsonaro (41% de rejeição), mas não o suficiente para punir o presidente. Ele ainda ganha de Lula no grupo, assim como mantém o apoio contra o impedimento.​

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