Esta quarta-feira (06) selou a primeira semana de mais uma onda de ataques criminosos que intimidam o governo de Santa Catarina. A sequência de crimes foi desencadeada a partir da execução do policial militar da reserva Edson Abílio Alves, na frente de uma padaria, em Camboriú, no Litoral Norte. Em sete dias, o Diário Catarinense contabilizou 52 ataques em 19 municípios catarinenses. O que corresponde a uma média de sete ocorrências por dia.
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Além do assassinato do PM, ônibus e veículos oficiais foram incendiados, e bases institucionais e casas de policiais foram alvos de disparos. Todos os fatos considerados pela reportagem foram confirmados pelas polícias locais.
Por meio da assessoria de imprensa, a Secretaria de Segurança Pública informou que trabalha com o mesmo número de ataques contabilizados pela reportagem. A SSP também divulgou a prisão de 41 suspeitos.
Com a sequências de crime da última semana, o Estado já acumula cinco ondas de ataques contra repartições e agentes públicos. Todos os movimentos criminosos, que iniciaram em 2012, foram atribuídos pelo governo à organizações criminosas que atuam em Santa Catarina.
— É uma questão nacional, que tem ação do crime organizado, estamos enfrentando com muito rigor. Tivemos uma noite pesada, de ações fortes da polícia. Ela está toda concentrada e vamos reagir à altura para que toda a população tenha a absoluta segurança — disso o governador Raimundo Colombo em entrevista ao DC, na última quinta-feira.
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A Secretaria de Segurança Pública atribui como motivação o descontentamento por parte dessas facções por alguma ação do Estado, até mesmo por repressão ao tráfico de drogas, somando prisões e apreensões de entorpecentes. Em outras ocasiões, os mesmos motivos foram cogitados.
Ações violentas das polícias nas comunidades ou mesmo de agentes prisionais aos detentos, também são levadas em consideração como possíveis desencadeadoras de reações criminosas, como avalia o especialista em segurança pública e consultor do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), Felipe Athayde Lins de Melo.
— Se tem havido ações de violência policial em comunidades onde a facção atua ou se mataram alguém cuja morte é considera injusta (pela facção), o grupo reage se articulando em rede — avalia.
Logo após a execução do PM em Camboriú, que foi a quarta morte violenta de agentes públicos em agosto, o comando da Polícia Militar se manifestou por meio de um vídeo publicado nas redes sociais. Além de lamentar a morte dos integrantes da corporação, o coronel Paulo Henrique Hemm, garantiu que haveria reação.
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— A você, policial militar, peço que redobre todos os cuidados com segurança pessoal. Não recuaremos um centímetro sequer no enfrentamento ao crime. Todo mal feito a um policial será com legitimidade técnica e legalidade repelido com o mais absoluto rigor — disse o coronel.
Na mesma semana em que os ataques desafiaram as forças de segurança, oito pessoas foram mortas, supostamente em confronto com a Polícia Militar. Um dos casos ocorreu em Joinville. A vítima identificada como André Felipe Pereira, 20 anos, foi morta na mesma noite em que houve um ataque contra uma delegacia na cidade. O rapaz é suspeito de ter participado da morte de um PM no no mês passado.
O governo do Estado mantém o mesmo posicionamento divulgado na última sexta-feira. Segundo nota divulgada pela assessoria de imprensa, as forças de segurança estão de prontidão e atuando no combate à violência. Detalhes das operações de inteligência não foram divulgados.