Há lugares em que Joinville se veste de poeira e de um cinza presente mesmo nos dias mais ensolarados. As ruas são de barro, as casas são pequenas e frágeis e a deficiência em infraestrutura básica é gritante.
Continua depois da publicidade
O cenário é o extremo oposto do que se encontra nos bairros de classe média. Não há ruas arborizadas, nem largas avenidas. Não há calçadas, nem numeração nas casas. Não há endereço, energia elétrica e água tratada.
Nada disso está escondido, mesmo a quilômetros da região central da cidade. Muito pelo contrário: os moradores das áreas de invasão – denominadas tecnicamente como áreas de ocupação irregular – assumem sua ilegalidade e esperam a ação do poder público, que promete dias melhores.
Em Joinville, há 5.981 casas nessa situação – o que representa 5,13% da cidade. São mais de 3,6 mil famílias. Estudo divulgado em 2009 apontou que a maior parte das casas pertence a famílias cuja renda não passa de três salários mínimos.
As condições de habitação são mínimas. Falta saneamento. Moradores recorrem a ligações clandestinas de água e de luz. Muitos convivem com lixo espalhado pelas ruas e com as valetas a céu aberto bem diante das casas. Os problemas sociais e ambientais preocupam.
Continua depois da publicidade
De acordo com o diretor executivo da Secretaria Municipal de Habitação, José Teixeira Chaves, as principais irregularidades estão em terrenos situados em encostas de rios, no meio de manguezais ou acima da “cota 40” (o limite de 40 metros acima do nível do mar). Alguns deles foram ocupados há mais de duas décadas. Outros são loteamentos recentes que atraem migrantes e famílias que querem se livrar do aluguel.
No caso das áreas recém-ocupadas, os problemas sociais são mais gritantes.
– As pessoas compram os lotes de oportunistas, pagam barato e constroem casas de forma precária. Atualmente, temos 249 famílias morando em terrenos que não temos como regularizar. Nosso compromisso é assentá-las até o fim do mandato [em 2012]. Para os demais casos, vamos buscar a regularização -, afirma Chaves.
O Loteamento Juquiá, perto do bairro Ademar Garcia, e a rua Roberto Fermiano da Silva, no Paranaguamirim, estão entre as prioridades. Lá, o verbo “morar” tem múltiplos significados: simboliza tanto o desejo de mudança quanto a gratidão pela casa própria, ainda que ela esteja em um terreno não-legalizado.