Há 50 anos, em 20 de julho de 1969, Neil Armstrong deixava a primeira pegada na superfície da Lua. Neste sábado (20), meio século depois, a conquista ainda é considerada um grande feito, mas os avanços também são muitos. Turismo espacial, colonização da Lua e a chegada do homem a Marte já estão muito próximos da realidade. O que antes parecia impossível, hoje é apenas questão de tempo – e investimento.
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A exploração espacial, que enfraqueceu depois do fim da disputa entre Estados Unidos (EUA) e União Soviética (URSS), durante a Guerra Fria, volta agora com força. Uma das principais motivações para essa nova corrida é o interesse de países emergentes, como a China, por exemplo. No início deste ano, o país conquistou um feito que nenhuma das duas grandes potências tinha ainda realizado. Ela se tornou a primeira a pousar uma sonda no lado oculto da Lua, o hemisfério que não pode ser visto da Terra.
— A retomada do interesse americano em investimentos no setor espacial é causada pela pressão das tecnologias chinesas. E não apenas a China, a Índia também tem se destacado nos últimos anos — explica o doutor em Astrofísica e professor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Alexandre Zabot.
Para ele, é a complexidade do cenário e a finalidade das ações que diferencia a corrida espacial dos anos 1960 da atualidade. O interesse militar ainda é grande e mais do que nunca é preciso garantir a soberania do espaço. Por outro lado, o professor destaca que os retornos financeiros já são claros. O setor de comunicação, por exemplo, é muito rentável.
— A parte midiática também não pode ser desprezada em tempos de um renascimento do populismo nas principais democracias do mundo. Um programa espacial de sucesso pode se tornar peça ímpar em eleições alimentadas por nacionalismos — destaca Zabot.
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Além do investimento chinês, a concorrência das empresas privadas também aqueceu a disputa. Tradicionalmente, os governos financiavam a exploração espacial. Mas o cenário vem mudando.
— Com a entrada das empresas privadas, teremos um terceiro grupo. Portanto as decisões políticas agora serão mais complexas, com interesses que nem sempre estão alinhados com os de governo — explica Zabot.
As oportunidades se abriram ainda mais com o anúncio da Nasa, em junho deste ano, de que permitirá a hospedagem de turistas na Estação Espacial Internacional (ISS).
As novidades anunciadas pela Nasa, incentivadas pelo governo Trump, não pararam por aí. Uma nova viagem da Agência Americana para a Lua deve acontecer em 2024. Ártemis, irmã gêmea de Apolo, deusa da vida selvagem, da caça e da Lua, será o nome da missão.
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A escolha não poderia ter sido melhor já que a confirmação da Nasa é de que o próximo humano a pisar na superfície do satélite será uma mulher. Esse próximo passo levará ainda mais longe. Na agenda, estão os planos de construção de um Gateway, uma espécie de Estação Espacial Internacional, que ficará em órbita da Lua.
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O planeta vermelho é o futuro
A base na Lua facilita ir mais longe. E é justamente esse um dos principais desafios: a distância. Enquanto o satélite está a 384 mil km da Terra, Marte fica a quase 60 milhões de km. A duração da viagem muda bastante. Se a Apollo 11 levou oito dias entre o lançamento e a volta, uma missão tripulada para o planeta vermelho deve levar cerca de mil dias.
Mas a distância não é o único problema, a velocidade que precisaria ser alcançada para reduzir a duração da viagem é tanta que poderia fazer a nave explodir ao entrar em contato com a atmosfera da Terra.
Apesar dos desafios a Nasa tem deixado bem claro que o planeta vermelho é o próximo passo. De acordo com Zabot, a presença permanente de astronautas em torno da Lua é uma preparação para desenvolver equipamentos e protocolos de ação para manter homens em órbita de Marte.
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— Depois, assim como na Lua, serão construídas bases em solo. Mas essas são etapas posteriores, por enquanto é preciso garantir a presença permanente em órbita, que já é um desafio imenso — pondera o professor.
Os planos para depois do planeta vermelho já existem e podem gerar uma nova corrida: agora pelos asteróides. Segundo Zabot, na comunidade de astrofísica e astronáutica já está em discussão o projeto pós-Marte.
— Para onde iremos depois de conquistar a Lua e Marte? Provavelmente partiremos para a exploração do Cinturão de Asteroides, uma região entre Marte e Júpiter que tem muitos asteroides. Esses objetos têm composições químicas muito diferentes, lá encontramos grande quantidade de água e minérios. Especula-se que há uma verdadeira fortuna para ser explorada nessa região — conta.
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