Pelo menos três vezes por semana, um casarão com tijolinhos à vista localizado na região central de Joinville abriga canções germânicas dos séculos 16 e 17 e risadas de bebês, crianças, adultos e idosos. Eles usam vestimentas que também não são mais comuns no dia a dia há séculos e, a partir desta quinta-feira, estarão em território conhecido quando começar a Bierville 2018.

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Quem passar pela festa provavelmente os encontrará lá, com trajes típicos e animação: são os integrantes do Grupo Folclórico Windmühle, um dos 75 grupos folclóricos teuto-brasileiros existentes em Santa Catarina, segundo cadastro da Fundação Catarinense de Cultura.

Enquanto a Bierville representa quatro dias de cultura germânica na cidade, os integrantes do Grupo Windmühle a vivenciam o ano inteiro. Professores como Ivo Sasse e Simone Krauser – casados depois de se conhecerem em um curso de tradições há quatro anos – ensinam diferentes coreografias de dança folclórica alemã, de acordo com as regiões onde elas tiveram origem. É uma forma de garantir a manutenção da cultura dos povos germânicos, dos quais os integrantes são descendentes.

— Quando minha mãe era criança, era ridicularizada por falar em alemão. Ela internalizou que aquilo era uma coisa ruim e não incentivou os filhos a falarem também. Agora, olhando o meu trabalho com o grupo, ela se arrepende de ter deixado isso para trás — conta Ivo.

Primeiros passos das novas gerações

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O professor, que dedica boa parte de seu tempo de folga às aulas e aos ensaios do Windmühle e às pesquisas para as coreografias, segue outro caminho: a filha Emma, de um ano e dois meses, já é integrante do grupo, mesmo que seus passos ainda estejam dedicados a aprender a caminhar antes de dançar. E o avô materno de Emma, Ricardo Krauser, 74, há dois anos entendeu que nunca é tarde para dar continuidade às tradições e também entrou na dança.

O grupo participa da Bierville desde a primeira edição e é responsável não só pelas melhores performances no salão, mas também pelos Jogos Germânicos. Inspirados nas brincadeiras originárias dos bares alemães, os integrantes construíram os brinquedos de madeira especialmente para a festa, há cinco anos. Além disso, aproveitam o momento do evento para promover um Encontro Folclórico, com grupos convidados vindos de várias cidades de Santa Catarina.

— Esta é uma das ideias da Bierville, a de dar continuidade a tradições de grupos que estavam sendo “esvaziados”. É de fazer a criança também criar interesse por essa cultura — analisa Develon da Rocha, diretor da Sol Eventos, empresa responsável pela promoção da festa.

Segundo ele, a expectativa é de que a edição deste ano consolide ainda mais o nome da festa em Joinville. Se nos primeiros anos os números foram abaixo do esperado, desde 2016 eles vêm crescendo acima das expectativas. No ano passado, 20 mil pessoas passaram pela Bierville nos quatro dias de festa.

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— Os anos vão passando e vamos melhorando nossa entrada na cidade, que vai abraçando a festa. É claro que vamos construindo isso e nossa grande aposta é conseguir falar mais a linguagem da cidade. O desfile foi uma surpresa positiva nesse sentido: tivemos pelo menos 150 pessoas desfilando e a interação do público foi ótima, com as pessoas já reconhecendo a Bierville — avalia o empresário.

Workshops cervejeiros são a novidade

Como o nome do evento adianta, o foco principal da Bierville são as cervejas. Em 2018, são 19 cervejarias e, destas, 17 são produções artesanais vindas de cidades de SC, do RS, do PR e de SP, em um total de 80 rótulos. A novidade desta edição são os workshops cervejeiros, que serão realizados nos dias 12 e 13 de outubro, e a mesa-redonda “Qual é a identidade da cerveja brasileira?”.

— As pessoas de Joinville não querem ter uma festa nova só por ter. Elas querem ter experiências novas na bebida, na comida e na música — afirma Develon.

A Bierville começa hoje, às 19h, e vai até o fim da tarde de domingo. Ela oferecerá 11 opções de gastronomia e shows com música alemã, como da Banda Uhul e Vox 3, que abrem a festa da noite de hoje. De quinta a sábado, haverá também o concurso de chope em dúzia, no qual ganha quem tomar 12 copos de chope em menos tempo, sem deixar a bebida escorrer.

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