De 1º de janeiro a 20 de abril, pelo menos 48 moradores de Florianópolis morreram em casa por complicações relacionadas à Covid-19, aponta relatório do Conselho Municipal de Saúde.
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Com cerca de 20 casos, março foi o mês com mais óbitos em residências na Capital, conforme dados obtidos com exclusividade pelo Diário Catarinense. Mas o que levou a isso? É o que o Conselho pretende saber da Secretaria Municipal de Saúde.
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Os dados podem ser ainda piores, de acordo com um conselheiro que prefere não se identificar. Segundo ele, há uma projeção de pelo menos mais 30 mortes ocorridas em Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPIs) nas 42 existentes na Capital.
Se confirmado, significa que quase 10% dos óbitos por coronavírus em Florianópolis ocorreram em domicílio, ou pelo menos fora do sistema.
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Para o conselheiro municipal da Saúde que conversou com a reportagem, é preciso que a prefeitura dê transparência aos dados para uma efetiva gestão da pandemia:
— É importante mostrar as mortes fora dos estabelecimentos de saúde para sabermos se ocorreram pela oferta insuficiente de serviços na rede hospitalar, falha no socorro ou outra variante, como opção da família ou mesmo do paciente — observa.
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Para o conselheiro, as mortes em uma pandemia podem ser evitáveis desde que haja compromisso com a vida. Mesmo reconhecendo que alguns casos são mais difíceis — como pacientes com comorbidades e, especialmente, idosos não vacinados —, o conselheiro defende ser possível atravessar este momento com menos sofrimento.
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— Não queremos que este questionamento seja tratado como ‘CPI da Covid’, pois não é isso. Mas é nosso papel pensar nas políticas públicas, e vamos aproveitar a reunião [neste dia 27] para levantar a questão de uma forma oficial junto ao presidente, no caso, o secretário municipal de Saúde.
Testes em caso de SRAGs
Uma reunião entre o Conselho Municipal de Saúde e a Secretaria de Saúde de Florianópolis vai tratar sobre o tema das mortes por coronavírus em casa na Capital nesta terça-feira (27).
Outro ponto que deve ser questionado é quanto às Síndromes Respiratórias Agudas Graves (SRAGs). Os conselheiros querem saber se o município testa todas as mortes por SRAG para Covid-19. A prefeitura diz que sim.
A preocupação tem motivo. Das 7.361 mortes por síndromes respiratórias em Santa Catarina neste ano, 536 foram em Florianópolis, conforme dados da Diretoria de Vigilância Epidemiológica (Dive-SC).
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Contraponto
À reportagem, a assessoria de imprensa da Vigilância Epidemiológica de Florianópolis — órgão ligado à Secretaria Municipal de Saúde — informou que o local do óbito de uma pessoa não é uma informação pública.
Sobre as mortes por SRAG, disse que os números estão na Sala de Situação e os dados alimentam o Sistema de Informação de Mortalidade. O secretário municipal de Saúde, Dr. Paraná, garantiu que todos os óbitos por SRAG são testados para Covid-19.
Números da Covid-19 em SC
SC soma, conforme último boletim, 874.770 casos confirmados de Covid-19 deste o início da pandemia. Destes, 843.757 são considerados recuperados da doença e 13.190 morreram por complicações relacionadas à Covid-19. Outras 17,8 mil pessoas estão em tratamento. Além disso, 1,530 milhão de doses já foram aplicadas no Estado para imunizar a população.
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