O profissionalismo é a marca da 42ª Coletiva de Artistas de Joinville. Com o tema “III Procedere – procedimentos e/ou processos constituintes da produção visual na atualidade”, a exposição abre nesta terça-feira com o debate do curador Josué Mattos no Galpão da Ajote. Pontuados por descobertas e reinvenções dentro da própria produção, 11 artistas da cidade preenchem até fevereiros os espaços do Anexo 1 da Cidadela Cultural Antarctica.
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Trabalhos em vídeo, desenhos e instalações trazem para o cenário local a discussão sobre a arte contemporânea em suas várias linguagens. Todos os artistas receberam a orientação de Mattos, ligado à história da arte.
– O curador nos trouxe um olhar profissional, de quem está por dentro do circuito das grandes cidades – revela o artista Sérgio Adriano H, que participa da coletiva pela nona vez.
Desde o material usado pelos artistas até as formas de apresentação e argumentação da obra foram discutidas pelo curador na palestra anterior à coletiva, “O artista como produtor, propositor, filósofo, etnólogo e o artista-etc”, em julho deste ano.
Os artistas foram selecionados a partir do edital do Sistema Municipal de Desenvolvimento pela Cultura (Simdec), que prevê a ajuda de custo para a produção das obras no valor de R$ 4 mil.
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A programação da coletiva também inclui o ciclo de palestras com os artistas. Os encontros estão marcados para os dias 24 e 25, das 14 às 17 horas, no Anexo 2 da Cidadela Cultural, com a mediação do coordenador do Museu de Arte de Joinville (MAJ), Carlos Alberto Franzoi.
CONFIRA AS OBRAS EM EXPOSIÇÃO

“Contenção”, de Ale Mello
A artista apresenta a videoperformance “Contenção”, trabalho que chegou a passar pela 23ª Mostra de Arte da Juventude, em Ribeirão Preto (SP). A proposta está focada na imagem em preto e branco de uma mulher, no caso, a própria artista, tomando café. A medida em que manuseia a xícara, o líquido escorre por seu corpo, encharcando sua roupa, enquanto ela se torna impassível diante do ocorrido.
“Percurso em Linha” e “De gota em gota, logo enche a caixa d’água”, de Anderson Alberton
O percurso de dois quilômetros que Anderson Alberton faz para se deslocar de casa para o trabalho está registrado em um dos vídeos que compõe a série de dois audiovisuais que, juntos, mostram o contraponto entre as imagens que nos passam despercebidas, aceleradas em stop motion, com a lentidão de gotas caindo de uma telha. Esta é a terceira participação de Alberton na Coletiva de Artistas. O artista trabalha com a constante poética dos ciclos da vida.
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Sem título, de Cyntia Werner
Em quatro quadros em lápis grafite, Cyntia apresenta desenhos de observação de um objeto fictício. A artista se apropria de um dado para lhe dar uma forma impossível. A artista utiliza o grafite sobre papel para chegar à técnica mais tradicional de observação: dois pontos de fuga e sombreamento feito com sfumatto.
“Interferências”, de Fernanda Zimermann
Cento e trinta e duas rosas compõem o trabalho de Fernanda nesta edição. A artista utiliza a planta resinada para tratar das interferências da vida. O público poderá observar durante a coletiva uma leve transformação das pétalas, que vão murchar ao longo dos dias, mas continuarão imóveis, enquanto o galho apodrece, pois não passará pelo mesmo tratamento.

“Orientação Magnética”, de Juliano Jahn
Juliano posiciona dez bússolas em um espaço livre para circulação. A medida que o espectador circula, perceberá que elas estão em constante mudança de posição. Para conseguir o efeito, o artista utiliza a atração do imã a partir de um mecanismo que dá movimento no interior do suporte das bússolas. Juliano participa da Coletiva de Artistas desde 2003 e neste trabalho dá continuidade aos estudos magnéticos.
“Sem nome”, de Murilo Santos
As fotografias de Murilo são retratos espontâneos de drag queens, punks e pessoas comuns em locais públicos. Ao sobrepor as imagens, o artista propõe uma mixagem de pressupostos, obrigando o espectador a encontrar uma nova definição para o retrato. O trabalho apresenta uma discussão relacionada com os temas identidade, gênero, cultura underground, transgressão e preconceito.
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“Seus retratos meus”, “Textos resumidos” e “Desenhos para relaxar”, de Priscila dos Anjos
Princila apresenta três trabalhos que emergem de suas ações cotidianas, como de sua função como arte educadora. O primeiro são registros de desenhos de alunos reunidos desde 2008 onde a Princila é sempre a modelo. O segundo são desenhos da própria artista, que têm como partida textos deixados na lousa branca e coletados com um apagador. O que completa a série é composto de desenhos preenchidos com lápis 2D.
“Chifre”, de Renato Veiga
O público da Coletiva de Artistas de Joinville é recepcionado por um grande chifre de brota do chão. A obra em isopor coberto por massa é assinada por Renato, dando continuidade ao seu percurso na arte que é relacionado à mitologia. A ideia do trabalho surge no momento em que o artista busca na história a sua significação.

“Mundo Selvagem”, Ronaldo Diniz
Diniz trabalhou durante seis dias na elaboração do desenho feito diretamente na parede da galeria. O trabalho em carvão marca a estreia do ilustrado na coletiva e mostra a ligação dele com a natureza como fonte de inspiração. “Faço uma analogia com o mundo selvagem que mostro no desenho com o mundo contemporâneo”, argumenta.
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“Indo para o enterro de SAH – Voltando do enterro de SAH”, de Sérgio Adriano H.
A obra de Sérgio precisa de um expectador atento. Os 11 registros fotográficos postos lado a lado pedem uma pausa maior para identificar os movimentos quase imperceptíveis do artista que caminha em uma longa estrada. O percurso é feito pelo artista nu. “Você morre todos os dias quando é julgado ou quando lhe é imposto uma forma de fazer as coisas”, reflete. A nudez também é um recurso para o artista tratar de si mesmo como alguém está despido para novas ideias.

“Brinquinharia: Ateliê – Oficina”, de Sonia Rosa
Sonia traz o seu ateliê para exposição. Prateleiras e instalações repletas de brinquedos revelam a poética e o íntimo da artista, que tem um trabalho extenso ligado ao tema. O público terá acesso ao material usado por Sonia na produção das obras, assim como será convidado a depositar um brinquedo em uma caixa que será deixada no local. A artista também deixará à vista o caderno de anotações onde as pessoas poderão falar sobre o que sentem falta.
O QUÊ: abertura da 42ª Coletiva de Artistas de Joinville.
QUANDO: terça-feira, às 19 horas. Visitas até 17 de fevereiro, de terça a sexta, das 9 às 17 horas. Sábados, domingos e feriados, das 12 às 18 horas.
ONDE: anexo 1 do Museu de Arte de Joinville (MAJ), na Cidadela Cultural Antarctica, rua 15 de novembro, 1.383.
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QUANTO: entrada gratuita.