O drama do ex-motoboy Luis Roberto Franco, 44 anos, que está afastado do emprego há três anos, pode ser compartilhado com outros milhares de joinvilenses. Ele demorou para conseguir uma consulta médica e agora aguarda, há dois anos, por uma cirurgia. Em um acidente de motocicleta, ele feriu gravemente o joelho e precisa andar de muletas. A dor é crônica. A cirurgia aliviaria.
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O calvário de Luis começou em dezembro de 2010, quando se acidentou. Ele foi levado ao Hospital São José gravemente ferido. Um dia depois, recebeu alta. O enfermeiro, lembra ele na época, disse que ele tinha apenas uma luxação no joelho. No entanto, as dores continuaram e, um mês depois de ser liberado, ele voltou.
Em uma ressonância, foi confirmada a fratura na tíbia, rompimento no ligamento cruzado e de tendão e o desligamento parcial do joelho. Após o exame, quando retornaria para marcar a consulta médica, os servidores entraram em greve.
– Tive de esperar de março a setembro para agendar uma consulta. Não conseguia trabalhar por causa da dor. E não conseguia uma consulta para requerer um atestado médico. Foi um período difícil. Não desejo isto a ninguém – relembrou.
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Finalmente, após a consulta, ele conseguiu comprovar ao INSS seu problema e foi afastado do trabalho. Desde 2011, recebe um salário mínimo por mês como auxílio. Mas a cada agendamento, um novo desafio. Ele já precisou recorrer à rede privada de saúde e desembolsou R$ 180 para ser atendido. Sua luta, desde então, é por uma cirurgia.
Demanda
Luis faz parte de uma lista de 3,7 mil pessoas que aguardam uma cirurgia no São José. Os números por especialidade não foram divulgados pela Secretaria de Saúde de Joinville. Mas cirurgias em ortopedia são as mais procuradas. Em seguida, aparecem as oftalmológicas: 2,7 mil pessoas aguardam o chamado na Policlínica do Boa Vista, onde estes procedimentos são realizados.
No caso da ortopedia, os pacientes de outras cidades foram os mais prejudicados, pois as consultas e cirurgias foram canceladas. A situação irá melhorar com a contratação de cinco novos médicos. No início deste mês, 14 ortopedistas pediram demissão do São José.
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O hospital ainda realiza cirurgias de catarata, que, atualmente, conta com 1,7 mil pessoas na fila. O objetivo é realizar mil delas até o fim deste ano – 400 já estão programadas. Outras especialidades serão beneficiadas, garante a Secretaria de Saúde.
Mais de 103 mil na fila de consultas
A espera por consultas médicas consegue ser ainda mais alarmante que as de cirugia. Mais de 103 mil pessoas aguardam um atendimento médico pelo SUS. As consultas oftalmológicas, com mais de 18 mil pessoas, ocupam o topo da lista. Em segundo, surgem as consultas em ortopedia, para coluna, com mais de 7 mil pessoas na fila. Mas se forem somadas todas as consultas em ortopedia, seja por problemas na coluna, joelho ou mãos, este número ultrapassa os 16 mil.
As listas estão sendo reformuladas pela Secretaria de Saúde. Estão sendo realizadas ligações e análises para confirmar se o paciente ainda necessita do procedimento. Duas mil pessoas já foram retiradas do “congestionamento”.
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No entanto, o Conselho de Saúde havia aprovado a retirada de 35 mil pessoas – que esperam há mais de quatro anos pelo atendimento. A sugestão não foi acatada neste primeiro momento. A secretaria avaliou que os pacientes ainda precisavam de novas consultas.