31 Minutos – O Filme, que estreia hoje, é um longa infantojuvenil diferente do usual: não é animação nem uma história com pessoas reais, e sim um filme protagonizado por bonecos, fantoches e marionetes. É a primeira produção nacional voltada para crianças a chegar aos cinemas este ano, e também a primeira de uma nova leva composta por pelo menos outros oito títulos. Em se tratando de uma cinematografia pouco afeita a este tipo de produção, o número é significativo.
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Se tudo correr como o planejado, em cerca de dois anos chegam às telas Ela Disse, Ele Disse, produção da LC Barreto a partir do best-seller de Thalita Rebouças, e adaptações, entre outros, dos clássicos Meu Pé de Laranja-Lima, de José Mauro de Vasconcellos, O Escaravelho do Diabo, de Lúcia Machado de Almeida, e A Arca de Noé, livro de poemas infantis de Vinícius de Moraes.
– Há um vácuo na produção nacional – diz Paula Barreto, ressaltando que Ela Disse, Ele Disse será o terceiro filme da produtora fundada por seus pais, Luiz Carlos e Lucy Barreto, voltado para esta faixa etária (os outros foram Tati, a Garota, de 1973, e Uma Aventura do Zico, de 1998). – Este vácuo existe desde que Xuxa e Didi pararam de produzir seus filmes. Paramos de conversar com uma fatia do público que existia, e o mercado ficou carente.
Os filmes de Xuxa e Os Trapalhões, no total, somam 15 dos cerca de 40 lançados no país no segmento desde 2000. Contadas também as décadas anteriores, eles arrastaram milhões de espectadores aos cinemas – maioria esmagadora do público angariado pelos títulos do gênero no país.
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Nesta nova fase, saem os ídolos das crianças e entram as apostas em matrizes literárias. Em clássicos ou best-sellers. 31 Minutos é uma versão do programa de TV exibido no Nickelodeon. Custou US$ 2,5 milhões e foi rodado no Chile e no Rio de Janeiro.
– A gente sabe que este é um projeto diferente – diz Marcos Didonet, nascido em Horizontina (RS) e um dos sócios da carioca Total Filmes, uma das maiores produtoras do país. – Não temos tradição de fazer filmes para crianças, o que é um absurdo numa cinematografia que faz tantos longas como a brasileira (são, em média, quase cem por temporada). Sabemos desta carência, por isso fizemos este investimento. Não tenho receio de dizer que 31 Minutos é um projeto arriscado: seu custo é maior do que o de grande parte dos nossos longas, de Divã (2009) a Assalto ao Banco Central (2011).
31 Minutos se passa nos bastidores do telejornal homônimo. Na trama, o produtor Juanín (voz de Daniel Oliveira), que na verdade é um animal exótico órfão, é raptado a mando da colecionadora Cachirula (Mariana Ximenes), que mantém um zoológico-prisão numa ilha isolada do oceano. O apresentador Túlio (Márcio Garcia) é quem lidera a equipe de colegas que vai tentar o seu resgate. Didonet, que dubla o Búfalo Loiro, personagem com sotaque gaúcho que aparece no início da história, é um dos idealizadores do projeto. A direção é dos chilenos Álvaro Diaz e Pedro Peirano, que são fãs do desenho original e por isso venderam ao produtor a ideia de adaptá-lo.
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– A grande questão, no que diz respeito ao mercado infantojuvenil, é que Hollywood está muito à frente em termos de orçamento e tecnologia – explica Didonet. – É por isso que resolvemos apostar em algo realmente alternativo, mas que, ao mesmo tempo, se comunique com as crianças e com os adultos. Ainda precisamos entender bem qual é o nosso lugar neste nicho. Competir com a produção estrangeira, aqui, não faz sentido: é suicídio.
Desde 2000 foram lançados cerca de 40 longas nacionais infantojuvenis, sendo nove de Xuxa Meneghel e seis de Renato Aragão. Dos nove filmes em produção listados abaixo, nenhum é centrado na figura de um ídolo das crianças.
Outros longas infantojuvenis em produção:
Corda Bamba – História de uma Menina Equilibrista
De Eduardo Goldenstein. Adaptação do livro de Lygia Bojunga, narra a história de uma menina que nasce no circo e, devido a uma tragédia, vai morar com a avó. Estreia nacional marcada para 31 de agosto.
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Meu Pé de Laranja-Lima
De Marcos Bernstein. Versão da história de José Mauro de Vasconcelos que já foi adaptada nos anos 1970. No filme, o menino Zezé revela sonhos e desejos em conversas com seu pé de laranja-lima. Estreia marcada para 14 de dezembro.
Ela Disse, Ele Disse
De Daniel Tendler e Nobuyuki Ogata. Adaptação do best-seller de Thalita Rebouças sobre dois adolescentes que contam como passaram pelo primeiro ano num colégio novo. Em produção, tem estreia prevista para 2013.
O Menino no Espelho
De Guilherme Fiúza Zenha. Adaptação da obra de Fernando Sabino sobre um garoto e seu amigo imaginário que tem o mesmo nome que ele, mas com as letras invertidas, como aparecem no espelho. Filmagens em andamento em Minas Gerais.
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A Arca de Noé
De Sérgio Machado. Animação a partir dos poemas infantis de Vinicius de Moraes. Na trama, dois ratinhos inspirados em Vinicius e Tom Jobim veem a salvação dos animais do dilúvio. Em pré-produção.
O Escaravelho do Diabo
De Carlo Milani. Adaptação do livro de Lúcia Machado de Almeida, clássico da Coleção Vaga-lume. A trama policialesca gira em torno de uma série de assassinatos de garotas ruivas. Em pré-produção.
Os Saltimbancos
Ainda sem diretor definido, terá roteiro de João Falcão e produção de Diler Trindade. Adaptação da versão musical de Chico Buarque para o original de Luis Enríquez Bacalov e Sergio Bardotti. Em pré-produção.
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Pluft, o Fantasminha
De Rosane Svartman. Outra adaptação de matriz literária, desta vez do texto teatral de Maria Clara Machado. Conta a história do rapto da menina Maribel, que é escondida no sótão de uma velha casa, conhece uma família de fantasmas e faz amizade com Pluft. Em pré-produção.