Nos anos 40, a bailarina Angel Vianna saía de casa escondida para as aulas de dança, para que o pai não descobrisse e proibisse sua paixão. Não demorou para que essa e a outra, a pelo também dançarino Klaus Vianna, fossem descobertas e precisassem de muita discussão e ameaças até que Angel pudesse viver as paixões que escolheu para a vida. Hoje, Angel dança livremente e permite que outros bailarinos também o façam. Por essas e outras conquistas, ela é a homenageada da 29ª edição do Festival de Dança de Joinville.
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Aos 83 anos, a bailarina nascida em Belo Horizonte acumula também outros títulos artísticos – é musicista e escultora -, mas tem por grande mérito formar centenas de bailarinos para o Brasil. Primeiro como professora em escolas e universidades, até que ela e Klaus abrissem o próprio estúdio de dança. Logo, o trabalho virou pesquisa, e ela e Klaus começaram a experimentar o que se transformou em algumas das grandes revoluções da dança contemporânea brasileira. Foram eles, nos anos 50 e 60, que usaram conhecimentos em anatomia e cinesiologia para desenvolver trabalhos de dança com consciência corporal.
Sim, Angel ainda dança livremente. São mais de 70 anos na ponta dos pés, mas ela não se cansa: se algum estudante precisa de sua ajuda para entender um movimento, ela não hesita em fazer nem os mais ousados. Atualmente, ela preside a Escola e Faculdade Angel Vianna, que inclui cursos técnicos, licenciatura, bacharelado e pós-graduação em dança contemporânea, além de oferecer cursos livres.
A homenagem a Angel ocorrerá em forma de exposição contando a trajetória da artista no mundo da dança, com fotos e documentos que relatam a vida da artista. A exposição será instalada no foyer do Teatro Juarez Machado. No dia 28 de julho, às 18 horas, a organização do festival promove uma homenagem no local, com a presença de Angel, que está em negociações para apresentar uma palestra no mesmo dia.
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Além da homenagem a Angel Vianna, o Festival de Dança também abre espaço para falar sobre outra dançarina que deixou seu legado na dança e contribuiu com o festival joinvilense. A coreógrafa Roseli Rodrigues será lembrada com o lançamento do documentário “Poesia em Movimento”, que conta a vida da dançarina. Roseli foi criadora e diretora da Raça Companhia de Dança, de São Paulo, e atuou como conselheira artística do Festival de Dança em 2003 e 2004. Em outras edições, ministrou cursos de dança e acompanhava seus grupos ao evento.
Roseli começou a frequentar o Festival de Dança na segunda edição, como bailarina e, em 2009, veio pela última vez para acompanhar a filha, que se apresentou em um espetáculo de balé clássico. No ano passado, a dançarina morreu vítima de um câncer no sistema linfático.