O Festival de Dança de Joinville de 2009 vem para inovar. Parece um clichê, mas a 27ª edição do evento respira jovialidade: pela primeira vez, a dança de rua é a atração da noite de abertura com as companhias Discípulos do Ritmo, de São Paulo, e S’poart, da França. O clássico terá seu espaço na noite de gala com a São Paulo Companhia de Dança, fundada há apenas um ano e que pela primeira vez vem para o grande palco da dança do Brasil.

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A noite competitiva da dança de rua é de longe o evento mais concorrido e popular do Festival. Os pés inquietos nas arquibancadas, as luzes dos celulares e os gritos de euforia chegam agora como um dos espetáculos mais esperados de 2009, com a reunião da ginga brasileira da Discípulos do Ritmo e o hip hop modernista da S’poart – e a presença do grupo no Ano da França no Brasil não é mera coincidência.

Dirigida por Frank Ejara há mais de 20 anos, a Discípulos do Ritmo é referência na dança de rua em todo o mundo. Com agenda lotada de apresentações internacionais, a companhia tem se apresentado mais no exterior do que no Brasil nos últimos meses. Para o Festival de Dança eles trazem a coreografia “Geometronomics”, cria do alemão Niels “Storm” Robitzky.

Como o título ressalta, o trabalho interage com a dinâmica das formas geométricas e faz referências à história do movimento b-boys. Vinda de Vandée, na França, a S’Poart também resgata o passado com “In Vivo”. Nas palavras do coreógrafo Mickaël Le Mer, “a história da companhia é a história dos humanos”, numa alegoria sobre a viagem pelo interior do homem proposta em cena pelo espetáculo.

No palco, os bailarinos fogem do convencional e interagem com os obstáculos cenográficos. Para a noite de gala, em 20 de julho, a São Paulo Companhia de Dança visita dois clássicos do século 20. “Les Noces” é a mais conhecida criação da russa Bronislava Nijinska, irmã do lendário Vaslav Nijinski. O espetáculo parte de um casamento tradicional dos camponeses russos, quando as mulheres não poderiam escolher seus maridos, embalado pela tradição do balé às vanguardas modernistas e a música de Stravinsky.

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“Serenade”, de George Balanchine, é uma ode à dança e mostra aos jovens bailarinos a distinção entre o bailado em sala de aula e a dança no palco. A obra é elaborada sobre música de Tchaikovsky e teve sua primeira apresentação em 1934, com alunos da School of American Ballet. Sem enredo, o espetáculo se valoriza pelo desafio corporal proposto aos bailarinos.

Além das noites especiais, o 27º Festival de Dança já tem programação definida. Mais uma vez estão confirmados os Palcos Abertos, Encontro das Ruas, Rua da Dança, Festival Meia Ponta, Feira da Sapatilha, cursos e oficinas, seminários de dança, workshops e a Mostra de Dança Contemporânea, que em 2009 se estende por todos os dias do Festival. A lista de selecionados para os sete gêneros da Mostra Competitiva será divulgada no início de junho.