Um ano após assumir a 2ª Delegacia Regional da Polícia Civil com o desafio de reduzir os índices de criminalidade em Joinville, o delegado Laurito Akira Sato avalia como “excelente” o trabalho realizado em relação aos homicídios em 2016. A cidade bateu o recorde histórico com 126 assassinatos no ano passado e uma série de cobranças da área de segurança resultou na troca de comando ainda em dezembro, mês em que sete mortes violentas ocorreram em menos de quatro horas na cidade. Até ontem, o município somava 118 homicídios neste ano.
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Na visão do delegado, os números melhoraram. Segundo ele, a cidade teve média de crescimento no número de homicídios de 40% nos últimos três anos, enquanto a expectativa é de que a estatística em 2016 fique abaixo da registrada em 2015.
– Muitos estão dizendo que manteve a mesma coisa, mas para mim, para a chefia e o governo do Estado está sendo excelente. Só de ter freado 40% já é um número muito bom, considerando que a gente não havia recebido sequer um policial – avalia o delegado regional.
Quando Akira foi anunciado para comandar a região, o delegado-geral da Polícia Civil, Artur Nitz, afirmou que a intenção das mudanças era melhorar o índice de resolubilidade dos homicídios – identificação do autor e esclarecimento do crime – na cidade, que era de apenas 24%. Após um ano, Akira afirma que a estatística subiu para 60% dos casos resolvidos em Joinville, enquanto a média estadual é de 43%.
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Para o delegado regional, o aumento de casos solucionados é consequência do combate às facções criminosas e da criação da Delegacia de Homicídios, com um efetivo dedicado exclusivamente para esse tipo de crime. Hoje, 13 pessoas trabalham na unidade. Antes, eram quatro profissionais fixos e outros quatro que ficavam no plantão.
– Não havia uma prioridade, até por causa disso se chegou aos números que chegaram, recorde no Estado. Agora, os reflexos dos trabalhos que vêm sendo feitos vão vir ao longos dos anos. Acredito que 2017 será um ano de derrubada muito grande de números – garante.
Distribuição dos novos agentes e delegados
Os novos agentes e delegados que foram anunciados para reforçar o efetivo da Polícia Civil em Joinville já chegaram à cidade e começaram a exercer as funções no último dia 5. Foram 35 novos agentes incorporados às delegacias. Segundo o delegado regional, quatro profissionais foram transferidos para a Diretoria Estadual de Investigações Criminais (Deic), na Capital, e outros 11 foram deslocados para cidades de Santa Catarina. Com isso, o acréscimo real ficou em 20 novos agentes para o município.
– Entraram, em média, dois agentes a mais em cada uma das dez unidades. A maioria foi para realizar investigação dentro das delegacias de área. A Divisão de Investigação Criminal (DIC) e a Delegacia de Homicídios têm 13 agentes cada. E as delegacias têm de dois a quatro policiais nos seus setores de investigação – explica Akira.
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Em relação aos delegados, seis já chegaram à Delegacia Regional. Araquari, Garuva, Itapoá e São Francisco do Sul receberam um profissional cada. Araquari e Garuva agora contam com um delegado, e Itapoá e São Francisco do Sul têm dois para atender à demanda. Outros dois delegados chegaram a Joinville para a 2ª e para a 4ª Delegacias de Polícia, localizadas nos bairros Fátima e Aventureiro. O delegado Rodrigo Aquino, que atuava em Araquari, também foi deslocado para trabalhar na DIC, em Joinville.
Segundo Akira, outros dois profissionais devem chegar à cidade até o final de janeiro, após a primeira etapa da Operação Veraneio. Mais um delegado que está em formação na Academia da Polícia Civil deve estar pronto para trabalhar em março e reforçar o efetivo de Joinville. O delegado regional ainda não definiu para quais delegacias esses profissionais devem ser encaminhados.
– Quanto maior o número de policiais que vier, mais nós vamos produzir. O planejamento é esse. Eles estão vindo para somar esforços – defende.
Apesar da chegada dos novos reforços, a Polícia Civil também terá a baixa de policiais que estão se aposentando. De acordo com Akira, há cerca de dez aposentadorias de agentes, sendo a maioria no setor administrativo da Delegacia Regional.
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O delegado explica que aqueles com perfil, vontade e aptos para trabalhar no serviço público poderão retornar a atuar na polícia por meio do Corpo Temporário de Inativos da Segurança Pública (CTISP).
Homicídios como prioridade
“Continua sendo também uma prioridade essa questão de combate às facções, de apuração dos homicídios, prisão de todas essas pessoas envolvidas. Por exemplo, neste ano, todos os crimes bárbaros de alta complexidade foram resolvidos, principalmente das pessoas que não tinham qualquer envolvimento com o crime. Todos os crimes passionais envolvendo homicídio também foram resolvidos. Aqueles mais emblemáticos, de complexidade, foram solucionados e uma série deles de anos anteriores também. Claro que em 2016 era a prioridade, até para segurar e frear esse crescimento, mas vieram por consequência de apurações de crimes de anos anteriores”.
Outros desafios
“A gente bateu bastante também na questão de tirar armamento das ruas. Uma prioridade que vai ser retomada em 2017 é, principalmente, a questão de roubos e furtos a residência. Não que tenha ficado em segundo plano, mas o crime contra a vida tem um impacto direto na sociedade e é um indicador de violência do Estado. Queira ou não queira, Joinville, com essa quantidade de homicídios, acaba gerando o reflexo na estatística de toda SC, que é o Estado com menor número de homicídios do Brasil. Porém, se a gente conseguir frear ou diminuir o número de Joinville, é um resultado que traz reflexo na estatística estadual. Se a gente consegue prevenir, reprimir e diminuir, o reflexo estadual é enorme”.
Atuação contra as facções
“O trabalho realizado já foi o suficiente para enfraquecer elas (facções criminosas). O reflexo direto são esses números que não cresceram. Este ano, nas estatísticas semestrais da Secretaria de Segurança Pública, nós não aparecemos entre os dez municípios com crescimento de homicídios. Antes, todo semestre Joinville era o primeiro colocado. Ou seja, houve um processo de gestão no qual gerou todo esse resultado. Eu entendo como muito positivo e excelente, dentro do que a gente possuía de recursos humanos e logística. Melhor resultado impossível. Fizemos o melhor e o ano está fechando com números fantásticos. Não tenho dúvida”.
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Reforço na pm
“Vejo que o serviço de policiamento preventivo é um dos setores mais importantes no contexto da segurança pública. Não tem o que discutir. O nosso serviço (Polícia Civil) só existe por falha da prevenção. Ou seja, como a prevenção deixa a permanência e a ocorrência de diversos crimes, acaba gerando uma série de ocorrências que se acumulam na delegacia de polícia, aumentando o trabalho da polícia judiciária. Nosso efetivo não dá um quarto da Polícia Militar, e se o índice de crimes explode, essa demanda vem toda para a Civil. É difícil trabalhar dessa forma. Por isso, tem que ter o serviço preventivo. Você, como cidadão, não quer ser roubado e esperar uma investigação da Polícia Civil”.