Sem direito a par de meias, nem furadeira, 20 milhões de mães “solteiras” no Brasil são, por uma razão ou por outra, pais todos os dias. Passam despercebidas no dia de hoje, mas carregam uma responsabilidade que não é delas. Mães com jornadas dobradas, crianças sem direito a pais presentes, porque nossa sociedade acha que paternidade pode ser ignorada ou renunciada.
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Na turminha da minha filha, de onze crianças entre 1 e 2 anos, apenas seis vivem com os dois pais. Três têm contato remoto com o pai, a minha incluída. Todos homens de classe média alta, com mais de 30 anos, carreiras bem sucedidas.
Nessa sociedade machista, legitimamos a cada dia o egoísmo e a irresponsabilidade destes marmanjos quando achamos legal o paizão que aparece a cada quinze dias para levar a filhota ao parque, paga meio salário de pensão e posta no Face fotos com a pequena para derreter o coração da mulherada.
Legitimamos quando discriminamos as mulheres que são mães e pais, achando péssimo quando elas têm que sair do trabalho mais cedo, depois de uma noite em claro, para levar o filho ao pediatra. Isso quando elas são contratadas.
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Sociedade doente essa que tolhe de crianças o direito a um pai porque o garotão achou “chato esse lance de paternidade”. Relacionamentos vêm e, às vezes, vão. Somos adultos e conseguimos lidar com isso, mas filhos são para sempre, mesmo quando ignorados.
Feliz Dia dos Pais para aqueles que estão sempre lá, juntos, como se deve. Feliz Dia dos Pais para os que têm a sensibilidade de descobrir a beleza da paternidade.
E um beijo especial para as 20 milhões de mulheres que conseguem ser uma família inteira para seus filhos, todos os dias.
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